Com incendiário tabuleiro na Ucrânia, um olho no petróleo e outro nas ações das sucroenergéticas
O petróleo fechou cotado em disparada na sexta em US$ 94,44, mas como os negócios em Londres prosseguem até a abertura e fechamento dos mercados do Leste europeu e da Ásia, o barril já está em US$ 95,05 para entrega em abril.
É com essa régua que as operações vão abrir na madrugada de segunda no Ocidente, já dia no Oriente, sob intenso temor de invasão russa na Ucrânia, que inclusive não se descarta que comece neste fim de semana como alertou a rede pública americana PBS News ontem. A menos que a conversa marcada entre Joe Biden e Vladmir Putin traga resultado ate amanhã.
Nessa escalada à beira de conflito militar, que pode envolver os países da Aliança Atlântica (Otan), as companhias sucroenergéticas brasileiras têm poder de capturar ganhos via o etanol com encarecimento do petróleo, num ano no qual a expectativa de chegar a US$ 100 parece muito mais breve, além das altas do açúcar, já que deprimiria a produção do alimento.
Um conflito militar ‘incendiaria’ a capacidade de a Rússia fornecer petróleo e gás, este inclusive com o potencial fechamento do gasoduto que a liga à Alemanha, passando por Belarus, aliado de Moscou e vizinho da Ucrânia.
Mesmo o não envolvimento direto da Europa e Estados Unidos em defesa da Ucrânia, em caso de guerra, fornece combustível para uma aceleração do óleo cru, apenas através de sanções econômicos que seriam impostas à Rússia, de resto como já foram alardeadas.
De olho, portanto, nas ações de Cosan (CSAN3), Jalles Machado (JALL3), São Martinho (SMTO3) e Raízen (RAIZ4).
Há fatores de pressão presentes sobre as companhias, como a boa recuperação dos canaviais no Centro-Sul, que oportunizará maior oferta de açúcar, como também as entregas da commodity pela Índia, em bom volume na atual safra do país.
Há também variáveis particulares a cada uma delas – como o bom balanço da Jalles no 3t da safra 21/22 -, que podem influir, absorvendo a crise no Leste europeu ou injetando mais força.
Porém, nessa contagem regressiva que alarma o mundo, o etanol pode se beneficiar em uma perspectiva continuada de baixo consumo no Brasil por preços da gasolina ainda defasados em relação ao petróleo.
Dificilmente a Petrobras (PETR4) teria capacidade de seguir represando os repasses aos derivados.