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Com escassez de soja no Brasil, Bunge compra grãos do Uruguai

22 set 2020, 16:48 - atualizado em 22 set 2020, 16:48
Soja
A unidade brasileira da Bunge deu o passo atípico de comprar do Uruguai três cargas de 30 mil toneladas cada uma nas últimas semanas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Um pequeno país produtor de soja tem ajudado a Bunge a abastecer unidades de processamento no Brasil, onde os estoques da oleaginosa estão no menor nível em décadas.

A unidade brasileira da Bunge deu o passo atípico de comprar do Uruguai três cargas de 30 mil toneladas cada uma nas últimas semanas, segundo pessoas com conhecimento do assunto. A soja será processada na unidade da empresa em Rio Grande, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

A Bunge não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja, mas a indústria de processamento acelerou as importações nos últimos meses em meio às fortes exportações, que encolheram os estoques. As importações até agosto quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, para 477.372 toneladas, segundo dados do Ministério da Economia.

Quase todo esse volume veio do Paraguai. Mas o Uruguai, cuja produção representa menos de 2% da safra brasileira, também aparece entre os fornecedores.

“Isso reflete a baixa oferta do Brasil e os altos preços domésticos, já que os agricultores seguram os poucos grãos restantes”, disse Luiz Fernando Roque, analista da Safras & Mercado.

As margens de esmagamento no Brasil permanecem atraentes, uma vez que a forte demanda mantém os preços domésticos do farelo e óleo de soja elevados. Segundo Roque, o Brasil pode importar 850 mil toneladas de soja em grão em 2020, o maior volume desde 2003, quando a produção foi de cerca de 50 milhões de toneladas, menos da metade dos níveis atuais.

O Brasil colheu 124,8 milhões de toneladas nesta temporada, um recorde, de acordo com estimativas da Conab. As exportações de janeiro a agosto alcançaram ritmo recorde em meio à sólida demanda chinesa e alta do dólar frente ao real.

Com isso, os estoques finais devem somar 419 mil toneladas, o menor nível desde a série iniciada em 1999, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).