Com escassez de mão de obra, Alemanha quer facilitar entrada de profissionais estrangeiros
O governo alemão quer lançar seu próprio “green card” para tentar suprir a escassez de mão de obra no país. Para isso, a Alemanha busca estrangeiros para preencher suas lacunas no mercado de trabalho.
Estima-se que são precisos cerca de 400 mil imigrantes por ano, como afirmou o presidente da Agência Federal do Trabalho, Detlef Scheele, em agosto do ano passado.
As associações industriais reclamam há algum tempo sobre a falta de trabalhadores qualificados, enquanto o Ministério do Trabalho alemão sugere que o déficit de profissionais está desacelerando o crescimento econômico do país que é a maior economia da Europa.
A escassez de mão de obra na Alemanha
A Federação das Associações Alemãs de Empregadores da Indústria Metalúrgica e Elétrica, a Gesamtmetall, diz que duas em cada cinco empresas do setor têm a produção prejudicada por falta de trabalhadores.
Já, a Confederação Alemã de Artesãos (ZDH) afirma que o país carece de cerca de 250 mil profissionais qualificados.
Ao mesmo tempo, a pandemia do coronavírus agravou o problema da imigração insuficiente de trabalhadores qualificados.
O procedimento havia sido reformado em março de 2020, com a Lei de Imigração de Trabalhadores Qualificados, com o objetivo de acelerar os processos.
O “green card” alemão
Nos moldes do “green card” norte-americano, que é, em linhas gerais, um visto permanente de imigração concedido pelas autoridades dos EUA, a Alemanha quer lançar o “cartão de oportunidades”.
Apresentado recentemente pelo ministro do Trabalho, Hubertus Heil, o cartão tem como objetivo facilitar a entrada de estrangeiros no país europeu, mesmo que não tenham ainda uma oferta de emprego em vista.
Porém, o ministro afirmou que haverá limites e condições. Em entrevistas à imprensa, ele disse que o número de cartões será limitado de acordo com as necessidades estipuladas pelo governo alemão.
“Trata-se de atrair imigrantes qualificados num processo sem burocracia. Por isso, é importante dizer: aqueles com o ‘cartão de oportunidades’ conseguirão se sustentar enquanto estiverem aqui”, disse Heil à emissora pública de rádio WDR nesta quarta-feira (07).
Requisitos para o “cartão de oportunidades” e as barreiras
Os interessados deverão cumprir pelo menos três dos quatro critérios seguintes para conseguir o “green card” alemão:
- Um diploma universitário ou qualificação profissional;
- Experiência profissional de pelo menos três anos;
- Conhecimento do idioma ou residência anterior na Alemanha;
- Ter menos de 35 anos de idade.
Além disso, z Alemanha apresenta algumas desvantagens culturais em comparação com outras nações ocidentais, como os EUA, que querem atrair trabalhadores qualificados.
O primeiro deles é a língua, já que o alemão é menos falado no mundo do que o inglês.
Outra questão é que os empregadores alemães tradicionalmente valorizam os diplomas e qualificações, e estes nem sempre são reconhecidos na Alemanha, ou, levam meses para serem revalidados no país.
As autoridades locais usam diferentes parâmetros para reconhecer essas certificações e funcionários precisam ainda autenticar traduções de diplomas em cartórios.
Os obstáculos para os trabalhadores
Para o diretor de pesquisa do Instituto de Economia do Trabalho (IZA), Holger Bonin, a iniciativa “está criando obstáculos grandes e desnecessários, que tornam o sistema ainda mais complicado”, disse.
Ele defende que o sistema simplesmente causará mais burocracia. “Por que eles não simplificam o processo? Dar um visto para as pessoas procurarem trabalho e, se não encontrarem nada dentro de um determinado tempo, elas terão que sair do país?”, questiona Bonin.
O diretor diz que alguns dos critérios podem não ser tão importantes para os empregadores na Alemanha.
Por exemplo: para uma empresa internacional – onde seus funcionários se comunicam principalmente em inglês –, não importa se os candidatos falam alemão ou já viveram na Alemanha.
“Acrescentar pontos extras torna tudo mais complicado, e os empregadores podem decidir se esses critérios são importantes durante o recrutamento. Portanto, os profissionais não precisariam de um cartão como pré-seleção”, afirma.
*Com informações da Deutsche Welle
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