Sucroenergia

Com embandeiramento das redes, venda direta de etanol perderá eficiência, diz Agrovale

31 jul 2019, 13:19 - atualizado em 31 jul 2019, 15:12
Guilherme Colaço, da Agrovale, analisando conjuntura da sucroenergia (Carlos Laerte/Clas)

De onde a cana consegue frutificar somente na base da irrigação intensiva, no sertão nordestino, a Usina Agrovale participa do debate sobre a venda direta de etanol observando a possível perda de parte da eficiência que o modelo traria se mantido o embandeiramento dos postos. Se sobrar apenas o varejo de ‘bandeira branca’ e as redes continuarem comprando apenas das distribuidoras que franqueiam suas marcas, a empresa de Juazeiro não deve entrar nessa ponta do negócio.

A situação a respeito dessa tentativa de quebrar o monopólio das distribuidoras na entrega de combustíveis foi aprovada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), faltando regulamentações tributárias (da União) ou aprovação na Câmara dos Deputados (já foi aprovada no Senado), em projeto de lei legislativo que obrigue o Executivo a adotar imediatamente a resolução.

A pauta, que divide profundamente o Nordeste e o Centro-Sul , não incluiu na discussão a questão de mexer nos contratos das redes com suas marcas (distribuidoras), o que poderia ser um segundo round dessa queda de braço que se arrasta há mais de um ano.

Para o diretor financeiro, Guilherme Colaço Filho, o “mercado comprador ficaria mais restrito” e no caso do grupo, particularmente, seria mais danoso o aspecto logístico. Do sertão baiano, longe da faixa litorânea (só de Salvador a distância é de 500 kms), onde a concentração urbana e populacional se concentra (igual a todo o Nordeste), a distância comeria parte da receita.

“Perderia assim uma parte significativa da eficiência em reduzir a cadeia de distribuição”, avalia o executivo da companhia, que nesta safra se prepara para vender mais de 8,8 milhões de litros de etanol à distribuidoras, de acordo com sua previsão de produção.

Já com o açúcar, que a Agrovale destinará a esmagadora maioria das 114 mil toneladas, desta safra, ao Leste baiano e dos outros estados, “o custo logístico para acessar esses mercados aumentam”.

Sobre outro ponto caro ao Nordeste, que é o fim das importações de etanol dos Estados Unidos com cota de 600 milhões/litros anuais livre de impostos (acima disso paga 20%), Colaço Filho acredita que o “etanol de milho contribui para a eficiência do mercado”, mas a “isenção de impostos de importação é altamente nociva pois coloca o produtor nacional em competição desleal e destruindo milhares de postos de trabalho”.

O tema, trazido pelo Money Times (19/7), parece que não deverá mais opor Nordeste ao Centro-Sul, como parecia até recentemente, já que a Unica, entidade dos usineiros do Centro-Sul, passou a apoiar a vigência do acordo do Mercosul, de uma Tarifa Externa Comum de 20%, sem cota livre.

Raio X

A Agrovale prevê faturamento líquido de R$ 348,2 milhões no atual ciclo, o que daria mais de 20% de aumento sobre 2018, numa escala de crescimento que começa com a produtividade elevada da cana.

A joia da coroa da empresa é a irrigação por gotejamento – também muito presente na Paraíba – que deixa a produtividade muito acima das 100 toneladas por hectare, alcançando até 300, contra 70/80 t/ha nas áreas de sequeiro do Centro-Sul, mas cuja média atualmente está até abaixo com o envelhecimento dos canaviais.

Tanto haverá crescimento da produção de etanol na temporada (que segue a mesma do Centro-Sul, de abril a dezembro) quanto do açúcar, com base no aumento da cana 100% própria

O diretor financeiro Guilherme Colaço Filho fala em 2 milhões de toneladas, contra a moagem de 1,7 milhão de 2018.

O aumento da capacidade de irrigação em 80mm garantirão esse ganho.

“:A cana irrigada tem um diferencial por não sofrer frustação de safra (por razões climáticas), contudo o maior custo por hectare faz necessário atingir produtividades altíssimas para se ter um nível de rentabilidade dentro mercado”, complementa Colaço Filho.

 

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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