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Com dólar em “bom momento do ano”, alguns produtores se garantiram no ganho cambial

18 ago 2021, 16:13 - atualizado em 18 ago 2021, 16:30
Soja
Vendas de soja via aproveitamento do câmbio favorável ao produtor ganham impulso, mas ainda há quem quer esperar mais (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Com o dólar no patamar desta quarta (18), acima de R$ 5,35 (mais 1,58%), e com projeções de inflexibilidade ante os riscos fiscais e políticos que casas financeiras avaliam, “este é um dos bons momentos do ano e não há garantias de que outros virão”.

O veredito do analista do mercado de grãos, Vlamir Brandalizze, se refere ao fato de que o momento é propício às vendas de soja, num ponto crucial da temporada americana de conclusão da safra e o novo ciclo brasileiro chegando. O açúcar também pode se aproveitar, embora já esteja com viés de alta em Nova York.

E teve produtor que entendeu assim. Na Safra Grãos, trading de mercado interno de Goiás, alguns clientes fecharam vendas consideradas em “volume expressivo” para o momento, enquanto a commodity caia em Chicago.

“Liquidamos, com câmbio a R$5,30, 46 contratos de soja em três horas de operação”, disse o presidente da empresa, Alisson Dias.

Foram negociadas 70 mil toneladas.

A aposta é garantir agora o ganho cambial, com o produto mais barato na troca da divisa americana com a brasileira, sem o risco de apostar em altas do grão, que está pressionado nos próximos dias enquanto não há uma conclusão definitiva do USDA e outros levantamentos.

E ainda tem a China voltando às compras para 21/22 da soja dos Estados Unidos, ou seja, tem comprador.

O Brasil ainda carrega em torno de 25 milhões de toneladas da soja velha, da safra 20/21, mas ainda tem gente apostando em altas e segura fixações do grão 21/22.

Mas ainda há muita timidez dos vendedores, como notou o gerente de originação da Coplacana, cooperativa atuante em São Paulo, que observou a rodagem de alguns lotes, mas nada significativo.

Pode colaborar para isso o grau de capitalização do produtor, em um estado em que a soja não é a cultura principal – exceção do Sudeste e parte do Oeste -, e, portanto, o volume é pequeno, mas ainda assim a oportunidade oferecida pelo câmbio favorável poderia ser melhor aproveitada, diz o executivo.

Ainda mais, como ele nota, que alguns ainda nem travaram os custos de produção.