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Com dividendos altos e ações baratas, Vale tem mais um trimestre forte

20 jul 2021, 15:19 - atualizado em 20 jul 2021, 15:19
Vale
A Vale produziu 75,7 milhões de toneladas de minério de ferro no segundo trimestre, alta de 12% ante o mesmo período do ano anterior

A Vale (VALE3) surfa um excelente momento, devido a alta dos preços do minério de ferro em meio ao choque de demanda provocado pela pandemia da Covid.

E o segundo trimestre não vai ser diferente: segundo analistas, a empresa deverá divulgar números fortes no período.

Na noite da última segunda-feira (19), a Vale deu uma “palinha” do seu desempenho entre abril e junho. E os resultados foram animadores.

Em resumo, a Vale produziu 75,7 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 12% ante o mesmo período do ano anterior. As vendas de minério de ferro subiram 23,1%, com a forte demanda chinesa para a produção de aço, que registrou níveis recorde neste ano.

Segundo a Ativa Investimentos, em relatório obtido pelo Money Times, o desempenho do Sistema Norte foi um dos principais motores no aumento da produção neste trimestre.

Devido a menor quantidade de chuvas na região e o alcance da capacidade total da Serra Leste, a Vale atingiu a capacidade de produção de 330 Mtpa, valor muito próximo ao melhor cenário desenhado pela companhia.

“O aumento na capacidade de produção é muito positivo, dado que o preço médio do minério de ferro se mantém persistentemente acima de US$ 200 por tonelada”, aponta o analista Ilan Arbetman.

De acordo com o Inter Research, o preço do minério deverá se manter em patamares altos no longo prazo devido aos choques de ofertas ainda em curso, bem como a forte demanda que se mantém nos mercados internacionais.

“Com os números reportados pela companhia, vislumbramos uma possível revisão de produção para este ano, com a Vale trazendo volumes acima do guidance, tomando a posição de líder no mercado global, tendo em vista problemas de produção de outros peers internacionais”, afirma.

Na visão da Ágora, as cifras do minério de ferro foram sólidos e um pouco acima das estimativas do BBI, com a empresa a caminho de cumprir sua orientação de produção de 315-335 milhões de toneladas, apesar do atrasos no início de algumas operações.

“Observamos que a produção de minério de ferro da Vale atingiu 144 milhões de toneladas no primeiro semestre, 16,5 milhões de toneladas acima do primeiro semestre de 2020, o que implica que, se a Vale mantiver a produção do segundo semestre estável em relação ao segundo semestre de 2020 (que vemos como muito viável), a produção já alcançaria cerca de 317 milhões de toneladas em 2021”, destacam os analistas Thiago Lofiego e José Cataldo.

A estimativa de produção da Ágora é de 320 milhões de toneladas, com vendas de 315 milhões de toneladas para 2021.

Apesar disso, os prêmios do minério de ferro vieram mais fracos do que o esperado, mas explicados principalmente pela maior produção de produtos com alto teor de sílica, dada a demanda muito sólida, argumenta a corretora.

Para o BTG, a Vale divulgou volumes decentes, com melhorias acima de um primeiro trimestre sazonalmente fraco, mas também significativamente melhor em relação ao segundo trimestre.

Em junho, trabalhadores de Sudbury, no Canadá, rejeitaram um acordo coletivo de cinco anos com a Vale, o que levou a companhia a paralisar atividades (Imagem: Vale/Instagram)

Metais básicos decepciona

Segundo o Inter, a produção de metais básicos decepcionou um pouco, vindo abaixo do esperado em queda tanto na comparação trimestral, quanto anual.

Do lado do níquel, a empresa registrou produção de 41,5 mil toneladas no segundo trimestre, queda de 15,3% em relação ao mesmo período de 2020 e recuo de 14,3% em relação ao trimestre anterior, principalmente devido à paralisação dos funcionários de Sudbury e à manutenção não programada na refinaria de níquel de Clydach, que impactou a produção total proveniente do feed da PTVI.

“O volume de vendas não foi muito impactado devido ao estoque da mineradora, contudo, estes números podem piorar caso o impasse persista”, afirmou a Ativa.

Em junho, trabalhadores de Sudbury, no Canadá, rejeitaram um acordo coletivo de cinco anos com a Vale, o que levou a companhia a paralisar atividades.

“Mesmo assim, as vendas vieram acima do previsto, beneficiadas pelo desempenho das operações no Brasil e pelos embarques postergados do 1T para o 2T21”, ressaltou o Inter.

Para a Genial, a mineradora é um case único de retomada de volume, dívida zero e preço da commodity na máxima histórica (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

Recomendação

De acordo com a XP Investimentos, a Vale negocia a um valuation atrativo de 3,5x EV/EBITDA, que mede o valor da empresa, em 2021 ante os 5,0x da média histórica. Além disso, os dividendos devem se manter em 6% em 2021.

O BTG vê os papéis da gigante sendo negociados a 3 vezes o EV/EBITDA 22, um desconto excessivo para os pares de 30 a 35%.

“Os dividendos estão bem encaminhados e vemos retornos de caixa relevantes para 2021 (rendimento de 15-20%)”, completa.

Na visão do BofA, dois são os fatores para afirmar que a geração de caixa da Vale será forte: preços de commodities mais altos por mais tempo e a reavaliação de ESG.

“Em nossa opinião, a Vale é uma espécie de “criança-propaganda” para o excesso de geração de caixa, configurando um retorno de capital excedente (dividendos)”, escreve.

Para a Genial, a mineradora é um case único de retomada de volume, dívida zero e preço da commodity na máxima histórica.

“À medida que uma reforma tributária com possível taxação de dividendos se aproxima, faz muito sentido que a empresa seja especialmente generosa na distribuição de dividendos a partir do segundo semestre”, completa.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo (R$)
XP Investimentos Compra 122
Inter Research Neutro 101
Ativa Compra 120
Ágora Compra 130
BofA Compra 158