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Com cenário pior para “greenfields”, Omega Energia (MEGA3) aposta em geração distribuída e nos EUA

07 mar 2023, 15:29 - atualizado em 07 mar 2023, 15:31
Omega Energia
A Omega está atenta ao mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), enxergando um elevado volume de projetos de energia à venda (Imagem: Shutterstock/PriceM)

A Ômega Energia (MEGA3) está avançando com seus primeiros projetos de geração distribuída solar, segmento que vê grande potencial de expansão nos próximos anos, ao mesmo tempo em que se prepara para se tornar uma importante geradora renovável nos Estados Unidos, onde começará neste ano a vender energia digitalmente a vários tipos de consumidores do Texas, disse à Reuters o CEO da companhia, Antonio Bastos.

A aposta da elétrica em geração distribuída e em projetos no mercado norte-americano ocorre em um momento mais difícil para o lançamento de novas usinas de grande porte (“greenfields”) no Brasil, diante da perspectiva de sobreoferta de geração, o que puxa para baixo os preços da energia, e de aumento dos custos de capital e de Capex (investimento).

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“O investidor tem que ser sempre cauteloso… Em 2022 tivemos um ano emblemático para alocação de capital, fizemos vários investimentos… Todos eles com retornos muito altos porque foram diferentes da nossa estratégia central que é desenvolver (geração) em grande escala para mercado livre”, afirmou Bastos.

Como exemplos, ele citou as compras de participações de sócios minoritários nos projetos eólicos Assuruá 4 e 5 e Ventos da Bahia 3, além da entrada nos EUA com o complexo eólico Goodnight, com 265,5 megawatts (MW) de potência, já em construção no Texas.

Segundo Bastos, a Omega, que passou a contar com a gestora britânica Actis em seu quadro de acionistas, está ingressando de forma cuidadosa no mercado norte-americano, buscando investidores para atuar em conjunto em seus projetos de geração.

A companhia tem a ambição de se tornar um dos principais “players” de renováveis no país, mirando um crescimento potencial de 300 GW no segmento estimado pelo governo dos EUA para os próximos sete a dez anos, disse.

Além dos planos em geração, a companhia começará a vender energia para consumidores do Texas até o fim deste ano, por meio de uma plataforma digital muito semelhante à já lançada no Brasil. São ofertados desde soluções de energia “de prateleira”, para consumidores menores, até contratos maiores e customizados para grandes empresas.

“Posso vender (energia) para uma casa, se eu tiver uma comercializadora varejista, ou vender para clientes de grande tamanho, por exemplo nesse momento estamos negociando com uma grande empresa de ‘midstream'”, explicou o CEO.

Já no Brasil, uma das principais apostas da elétrica no momento está na geração distribuída solar, segmento que abrange pequenas usinas e que alcança 18 GW de capacidade instalada, impulsionando a propagação da fonte solar no país.

O plano da Omega envolve pelo menos 50 fazendas solares de “GD” a serem construídas “em um ano a um ano e meio” no modelo de geração remota, no qual a energia gerada pelo empreendimento é injetada na rede e vendida a consumidores numa espécie de assinatura.

Bastos afirma que as primeiras três usinas começarão a ser erguidas em breve no Piauí. A energia gerada será fornecida a pequenas e médias empresas (PMEs), segmento que está no foco da atuação da Omega nesse mercado. Os valores de investimentos não são revelados.

“(O negócio) Vai aumentar muito, vamos investir bastante. Conforme for aumentando a oferta, vamos aumentando o público-alvo… Por enquanto estamos focados em Estados do Nordeste e em ‘B2B'”.

OLHANDO AQUISIÇÕES

A Omega está atenta ao mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), enxergando um elevado volume de projetos de energia à venda.

“Nos preços de hoje, que os vendedores têm pedido, a gente não tem interesse. Mas acho que com tanta oferta e o Brasil em uma incerteza grande, talvez os preços possam convergir para um lugar que… a gente tenha interesse”, disse Bastos.

A compra de ativos é uma vertente de crescimento para as elétricas em meio ao cenário de maior dificuldade para viabilizar novos empreendimentos.

Executivos de outras grandes geradoras, como AES Brasil e Engie, também disseram ver um volume grande de oportunidades no mercado, mas ressaltaram que as aquisições precisam trazer retornos atrativos para valer a pena.