Com casos de Covid em crescimento, duas pessoas envolvidas com Olimpíada são internadas no Japão
Duas pessoas estrangeiras envolvidas com os Jogos de Tóquio foram internadas ao hospital com Covid-19, segundo um porta-voz de Tóquio 2020 afirmou nesta quinta-feira, no momento em que os casos diários na cidade-sede e no Japão atingiram um novo recorde.
A capital japonesa, onde as restrições contra a pandemia são no geral voluntárias fora da “bolha olímpica”, anunciou o recorde de 3.865 infecções diárias nesta quinta-feira, aumento em relação a 3.177 no dia anterior.
Casos diários em todo o país passaram de 10.000 pela primeira vez, segundo a imprensa local.
O pico de casos desta semana levou o principal assessor médico do governo a pedir uma “mensagem mais forte e mais clara” sobre os riscos crescentes da pandemia, inclusive para o cada vez mais sobrecarregado sistema médico.
O porta-voz dos Jogos, Masa Takaya, disse a repórteres que nenhum dos casos relacionados aos Jogos eram sérios e que uma terceira pessoa internada já havia recebido alta. Ele se recusou a entrar em mais detalhes.
Organizadores anunciaram 24 novas infecções associadas aos Jogos, incluindo três atletas, o que levou o total a 193 desde 1º de julho.
Os competidores do evento entre 23 de julho e 8 de agosto e outros participantes do mundo inteiro precisam seguir regras rígidas para impedir a disseminação do vírus dentro da bolha e na cidade como um todo. O público foi proibido de entrar na maioria dos locais de competição.
“Pelo que eu saiba, não há um único caso de infecção espalhando para a população de Tóquio dos atletas do movimento olímpico”, afirmou o porta-voz do Comitê Olímpico Internacional, Mark Adams, em uma entrevista coletiva diária.
Mas especialistas se preocupam que a realização dos Jogos envia uma mensagem confusa ao público sobre a necessidade de limitar suas atividades para conter o vírus no momento em que a variante Delta do coronavírus está se espalhando. Apenas 26,5% dos moradores do Japão estão totalmente vacinados e a testagem é escassa.
“A maior crise é que a sociedade não compartilha do mesmo senso de risco”, disse o principal assessor médico do Japão, Shigeru Omi, a um painel parlamentar nesta quinta-feira. “Os números (em Tóquio) passaram de 3.000 e isso pode ter algum efeito de anúncio. Sem deixar essa chance passar, eu quero que o governo envie uma mensagem mais forte e mais clara.”
Omi afirmou que a vacinação ajudaria, mas outros fatores podem alimentar as infecções, incluindo a prevalência da variante Delta, o cansaço com as restrições, as férias de verão e a Olimpíada.
Taro Kano, ministro no comando da vacinação, que recentemente teve problemas com abastecimento, disse ao painel que todos os que quisessem doses deveriam consegui-las entre outubro e novembro.
Mais de 60% dos leitos de hospital de Tóquio disponíveis para casos sérios de Covid-19 estavam ocupados até a terça-feira, segundo dados municipais.