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Com Bolsonaro, agro fará barba e cabelo no Parlamento; com Lula, dará trabalho

03 out 2022, 11:56 - atualizado em 03 out 2022, 13:01

 

Um dos principais pilares do governo, agronegócio “dominará” Câmara e Senado (Imagem: Divulgação / Marfrig)

Não se imaginava melhor cenário para os interesses do agronegócio como o que saiu das urnas neste domingo, apenas se olhado pelo Senado e Câmara.

Independentemente da quantidade de parlamentares, reeleitos e eleitos, com atividades explicitamente diretamente ligadas à agropecuária.

A onda vitoriosa comandada pelos partidos do Centrão – liderada pelo PL, do presidente -, e pela liderança de Jair Bolsonaro, que derrubou as pesquisas e vai para o 2º turno muito fortalecido, deixará todos próximos dos interesses ruralistas.

Afinal, é uma das principais bandeiras do governo e entre seus principais apoios, ao lado dos evangélicos.

Com o presidente Jair Bolsonaro, se reelegendo, é quase improvável se pensar no clássico sistema de freios e contrapesos, comuns aos parlamentos. O agronegócio poderá fazer barba e cabelo a favor de suas reivindicações.

Sob Luiz Inácio Lula da Silva, se elegendo em 30 de outubro, os parlamentares eleitos oferecerão forte resistência às possíveis tentativas de controle ambiental e demarcação de terras indígenas, que estão nas promessas de campanha, entres outras, de uma agenda que o agronegócio nem pode escutar.

Não se considerando, aqui, sempre a vocação de acordos e atração do mesmo Centrão, como já foi feito nos dois mandatos de Lula e no um e meio de Dilma Rousseff.

Do ponto de vista ‘oficial’ da bancada ruralista da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), entre deputados e senadores, o tamanho entre os deputados ainda está sendo contabilizada, mas deverá crescer na próxima legislatura, uma vez que é formada majoritariamente pelos partidos do Centrão. Hoje são entre 240 e 250 parlamentares.

Só o PL ganhou mais 23 deputados, para 99, o maior partido da casa. As esquerdas, com PT ao centro, conquistaram 88 cadeiras, mas a soma do terceiro e quarto partidos que mais elegeram, União e PP – este do presidente da Câmara e reeleito Arthur Lira (AL) -, colocam o centro-direita com folga à frente.

É importante destacar, ainda, que a FPA, como qualquer outro agrupamento parlamentar informal, não abriga apenas produtores. Pelo contrário, boa parte são simpatizantes com as causas, especialmente de políticos com bases em regiões agrícolas dos quais não podem ficar distante ideologicamente.

Os ruralistas vão ganhar o deputado eleito Ricardo Salles (PL), quarto mais votado em São Paulo, ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, e que caiu nas graças do agronegócio quando, inclusive, sugeriu que o governo “aproveitasse para a passar a boiada” [tentando aprovar leis] na célebre reunião de governo durante a pandemia. Ele é advogado de formação.

Tereza Cristina (PP), volta ao legislativo, com mais de 60% de votação para o Senado no Mato Grosso Sul, ela que já foi líder da FPA antes de ser ministra da Agricultura do atual governo. Expoente do agronegócio e muito respeitada entre os pares.

Se o Mato Grosso não elegeu Antônio Galvan (PTB), ruralista de quatro costados, presidente licenciado da Aprosoja Brasil, reelegeu Wellington Fagundes, médico, mas do PL.

De Rondônia a bancada vai ser reforçada por Jaime Bagatoli, eleito senador pelo PL, e, como a ex-ministra, produtor rural.

Aliás, na Câmara Alta, a chamada onda conservadora estará bem mais presente a partir de janeiro, e o agronegócio vai ter apoio mais definidos, com a lavada dada pelos partidos de direita.

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