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Com Bolsa fraca, para o que 5 gestoras estão olhando?

08 out 2023, 14:48 - atualizado em 08 out 2023, 14:48
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Com desempenho fraco dos mercados, gestoras fazem mudanças em carteiras (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A primeira semana de outubro não foi fácil para o Ibovespa, que perdeu 2,05% diante da alta volatilidade que ainda toma conta das bolsas doméstica e globais.

A Super Quarta de setembro renovou preocupações com a trajetória dos juros dos Estados Unidos, uma vez que o comunicado divulgado pelo Federal Reserve (Fed) após pausar o ciclo de aperto monetário em 5,25-5,50% sinalizou que a taxa de referência de juros da maior economia do mundo poderia permanecer em patamares elevados por mais tempo.

No Brasil, o Banco Central deu seguimento ao movimento de afrouxamento monetário, com um novo corte de 0,50 ponto percentual na Selic. No entanto, o comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deu a entender que um ritmo de corte mais agressivo levantado pelos agentes financeiros mais otimistas, de 0,75 ponto percentual, é pouco provável de acontecer.

Investidores locais também acompanharam as discussões sobre as propostas de tributação. Portanto, além das decisões dos bancos centrais, um ambiente fiscal doméstico ainda carregado de incertezas contribuiu para a onda recente de aversão a risco.

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O que pensam as gestoras

Gestoras acreditam que o ciclo de aperto monetário pelos bancos centrais está próximo do fim. Na Carta do Gestor de setembro, a Bahia Asset Management levanta que as “fragilidades” de algumas das principais economias do mundo começaram a aparecer, ainda que de forma gradual e dispersa.

“Os principais bancos centrais ao redor do mundo vêm fazendo ajustes finos na condução de suas políticas monetárias, visando o combate da inflação sem maiores danos adicionais às suas economias”, comenta a Bahia Asset.

A Ibiuna Investimentos, em comentário mensal, mantém a visão de que o aperto monetário nos Estados Unidos terminou em julho ou está “muito próximo do fim”.

Dessa forma, a gestora avalia que as oportunidades de retorno vistos dois meses atrás, associadas a ciclos bem sucedidos de contenção inflacionária em países emergentes, parecem ainda mais atrativas nos níveis atuais de preço.

Apesar disso, a cautela reina entre os investidores. Até que haja um cenário de maior clareza, a Ibiuna opta por reduzir o risco alocado a posições mais construtivas.

No caso do Brasil, as atenções estão muito mais voltadas ao ambiente fiscal do que à flexibilização dos juros.

A Ibiuna afirma que o ponto focal continua sendo a dúvida em torno da meta de déficit primário zerado para o ano de 2024.

“O regime fiscal escolhido por esse governo fixa aumentos expressivos de despesas públicas, mas conta com projeções exageradamente otimistas de arrecadação no orçamento enviado ao Congresso em agosto”, diz a gestora.

Exposições

Diante do cenário macroeconômico e político atual, a Bahia Asset está priorizando uma carteira diversificada, com as maiores posições compradas nos setores de commodities e utilities. Bancos também estão no radar da gestora.

No caso da Ibiuna, o time de ações mantém exposição a ativos brasileiros mirando a captura de alfa puro via posições long-short não direcionais. “Não temos exposição relevante direcional em renda variável ou no setor de commodities”, afirma.

O Santander Asset Management segue com uma visão neutra para a bolsa local, mas com viés positivo. O início do ciclo de queda dos juros no Brasil pode impulsionar uma valorização adicional, avalia.

Pensando nisso, na estratégia de seleção de ações, o Santander Asset tem maior exposição a empresas mais sensíveis aos juros.

A Occam Brasil, levantando um cenário macroeconômico incerto, tem suas posições domésticas predominantemente em empresas que, além do valuation atrativo, estejam com bons fundamentos.

“Estamos focados em empresas líderes, líquidas, com margens altas e crescimento independente do cenário”, comenta.

O setor elétrico ganhou relevância para a gestora e se tornou o segmento de maior peso, seguido por financeiro não-bancário e energia. Na ponta oposta, o setor de consumo é o maior underweight.

A Clave Capital tinha no começo do terceiro trimestre uma carteira focada em empresas expostas ao ciclo doméstico e setor financeiro (exposição líquida entre 10-15%). Ao fim do trimestre, a exposição a esses ativos caiu para 5-10%, enquanto a posição em commodities e utilities aumentou.