Com Biden no poder, secretário-geral da ONU mira segundo mandato
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, teria dito aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança no domingo que gostaria de ficar para um segundo mandato, de acordo com dois diplomatas com conhecimento do assunto.
Guterres, ex-primeiro-ministro português, deve comunicar oficialmente o presidente da Assembleia Geral da ONU em breve, disseram os diplomatas, que falaram sob condição de anonimato.
Guterres, de 71 anos, assumiu o cargo em janeiro de 2017 para um mandato de cinco anos que se encerra no final de 2021. Diplomatas dizem que Guterres, que conseguiu se esquivar da ira de Donald Trump em grande parte evitando criticar o presidente dos Estados Unidos em público, esperava pelos resultados das eleições presidenciais em novembro antes de tomar uma decisão.
Um porta-voz de Guterres não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Sob Trump, os EUA entraram repetidamente em confronto com a ONU e suas organizações, tendo deixado a Organização Mundial da Saúde e irritado os membros do Conselho de Segurança com o plano de eliminar o que resta do acordo nuclear multinacional com o Irã.
O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, prometeu reverter a abordagem isolacionista com o retorno à OMS, recuperar o acordo com o Irã e aderir novamente ao pacto climático de Paris.
Guterres fez da mudança climática sua prioridade ao pressionar países para assumirem compromissos mais ambiciosos de redução das emissões de carbono.
O governo Biden sinalizou que o clima será prioridade, e sua indicada para embaixadora da ONU, Linda Thomas-Greenfield, é uma diplomata com experiência em quatro continentes.
Transparência
Secretários-gerais recentes da ONU cumpriram dois mandatos, e diplomatas esperavam que o chamado P5 – Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, China e França – apoiasse sua candidatura à reeleição. Guterres, que às vezes foi criticado por não ter chamado a atenção de potências mundiais para abusos dos direitos humanos, teve de enfrentar um período turbulento na ONU, enquanto Trump se afastava do organismo e a China se tornava cada vez mais assertiva.
O processo de seleção para o secretário-geral da ONU é considerado pouco transparente, com influência desproporcional dos cinco membros permanentes sobre quem é escolhido, embora a eleição de 2016 tenha sido a primeira mais aberta. Críticos também têm pedido à ONU que finalmente indique uma mulher para assumir o cargo pela primeira vez.
Em comunicado de dezembro em nome de um grupo de 25 países, Costa Rica e Dinamarca pediram que a ONU garanta que o “próximo processo de seleção” atenda aos “padrões mínimos de transparência”.