Com aplicativo e foco no agro, transportadora Sotran vê salto em carregamentos
A Sotran Logística, líder na contratação de transporte rodoviário de cargas do Brasil, especialmente produtos do agronegócio, prevê aumentar o volume transportado em mais de 25% em 2020, para 16,2 milhões de toneladas, com as transações alavancadas pelo aplicativo TMOV, que hoje conecta em tempo real caminhoneiros a grandes tradings de grãos, empresas de açúcar, carnes e fertilizantes.
Em 2019, quando a plataforma foi utilizada durante um ano completo pela primeira vez, a companhia conseguiu elevar com a ajuda do aplicativo o volume de carga transportada em cerca de 6%, apesar de uma quebra de safra no Paraná e Mato Grosso do Sul, Estados que têm representatividade importante nos negócios da Sotran, que atua no transporte principalmente de soja, milho, açúcar e fertilizantes.
Em 2020, ano de expectativa de safra recorde e com o aplicativo ganhando maior adesão –em um serviço que se assemelha ao norte-americano Uber Freight–, os negócios devem crescer mais, com a empresa esperando faturar 1,5 bilhão de reais, 25% a mais que em 2019, disse à Reuters o co-presidente-executivo da Sotran, Charlie Conner.
Uma das vantagens da plataforma digital é que caminhoneiros conseguem reduzir custos no momento da compra do diesel, produto que responde por cerca de 40% das despesas, ressaltou Conner, cujo fundo norte-americano Arlon Group passou a ser acionista majoritário na transportadora em 2016.
A adesão à TMOV dá ao caminhoneiro um cartão de débito, já utilizado por mais de 42 mil motoristas, vinculado a uma conta na qual eles recebem pelo frete e pagam pelo combustível e outras mercadorias, algo visto como uma solução para o motorista de caminhão, que ainda sofre pelo baixo uso de tecnologia nos seus negócios.
Conner explicou que a maioria dos caminhoneiros do Brasil ainda utiliza a carta-frete para arcar com suas despesas nos postos de combustíveis.
Mas essa forma de pagamento, diferentemente do preconizado pelo TMOV, acaba resultando em maiores custos aos motoristas, já que os revendedores de diesel acabam cobrando mais pelo produto, do que se os clientes utilizassem dinheiro ou cartão, por exemplo.
“O nosso meio de pagamento é tratado como dinheiro, e está virando uma conta do indivíduo, ele recebe um cartão, pode fazer transferências…”, destacou.
“Ele pode usar o dinheiro recebido não só no posto, mas em outros serviços, ele de fato está utilizando como se fosse a conta bancária dele.”
Para este ano, disse Conner, a expectativa é lançar outras possibilidades, como pagamentos de boletos e recarga do celular.
A Sotran não cobra nada do caminhoneiro que usa seu serviço. “É como se fosse um Uber, vende serviço de logística para as grandes empresas. Recebe x e paga para o motorista y. O frete é pago pelo cliente e o motorista é pago por nós”, explicou o executivo, que ressaltou que o TMOV garante ainda rastreabilidade da carga transportada.
Com mais de 30 anos de operação, a maioria deles antes da parceria com o fundo norte-americano, a Sotran detém uma grande base de caminhoneiros e assim sinaliza, via WhatsApp, quando há uma carga disponível e de acordo com a rota que o motorista prefere.
Questionado, o executivo evitou fazer comentários sobre o que acha da polêmica tabela do frete mínimo em vigor no país, dizendo apenas acreditar que ao longo do tempo isso “vai caminhar para um movimento em que o mercado decida o preço”.
Sobre uma questão relacionada ao novo código de transporte Ciot, que tem preocupado os contratantes de frete, que temem aumento de custos, Conner disse que vê na nova regra uma vantagem competitiva, já que a empresa tem um meio de pagamento digital.