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Com Americanas (AMER3) em crise, ‘risco-Amazon’ aumentou, diz gestor da Studio

16 jan 2023, 17:11 - atualizado em 16 jan 2023, 17:12
As ações da Americanas voltam a liderar as perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (16). (Divulgão/Amazon)

Com o escândalo contábil da Americanas (AMER3), o risco de a Amazon (AMZO34) adotar uma postura mais agressiva no Brasil aumentou, na avaliação do gestor da Studio Investimentos, Guilherme Motta.

A empresa norte-americana sempre foi apontada com uma perigosa concorrente, mas que ainda estaria longe de empresas tracionais no ramo por conta da capilaridade das companhias em um país de dimensões continentais.

“Acho que o reflexo [da derrocada da Americanas] em um primeiro momento é aumento de competição”, disse ao Money Times o especialista da casa com R$ 1 bilhão sob gestão.

Motta vê Mercado Livre (MELI34), empresa estrangeira com forte atuação no Brasil e que está no portfólio da Studio, beneficiada pela crise da Americanas.

No mercado acionário, a visão de que a concorrência pode se beneficiar ajudava a impulsionar também as ações do Magazine Luiza (MGLU3).

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Americanas: ‘história que deu errado’

Para o gestor da Sudio, o risco de uma crise como a da Americanas atingir outras empresas do setor é baixo porque poucas companhias têm a estrutura de capital da varejista do trio da 3G Capital.

Segundo ele, a Americanas “amassava o fornecedor com o maior prazo possível e tinha uma postura muito agressiva de capital de giro”. “A gente achava que isso gerava uma ineficiência”, comenta.

Motta destaca que a companhia tinha 60% do varejo eletrônico no Brasil do início dos anos 2000 e afirma que a empresa “perdeu relevância”. “A Americanas é a história de uma empresa que deu errado”.

Segundo ele, o crescimento do Mercado Livre vem na esteira de uma empresa que “servia mal clientes, atendia mal fornecedores e tinha um ambiente de vendas negativo”.

O gestor afirma que o futuro da Americanas depende, em especial, do quanto os acionistas de referência vão querer salvar a empresa. “Acho que eles têm até um carinho [pela varejista]”, afirma.

“A Americanas foi o primeiro investimento deles fora da área financeira”, lembra o gestor. “A empresa foi muito importante na questão de cultura [da 3G Capital].

As ações da Americanas voltam a liderar as perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (16), com uma baixa de mais de 35%.