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Com ações na Nasdaq e faculdades na Amazônia, Afya aposta na área da saúde

25 nov 2020, 10:53 - atualizado em 25 nov 2020, 10:54
Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCMPB), comprada pela Afya
As aquisições de faculdades e start-ups nessa área — nove desde julho de 2019 — foram feitas com os recursos levantados no IPO na Nasdaq e também na oferta subsequente de ações (Imagem: LinkedIn/ Afya)

A Afya Educacional está avançando rapidamente em seu plano de se estabelecer como referência na área médica, apostando em um agressivo plano de aquisições de faculdades, cursos preparatórios e serviços de suporte para médicos no Brasil.

“Durante o IPO, sinalizamos que iríamos adquirir mil vagas adicionais de medicina em três anos e em 15 meses já foram 850”, diz Virgilio Gibbon, CEO da Afya.

As aquisições de faculdades e start-ups nessa área — nove desde julho de 2019 — foram feitas com os recursos levantados no IPO na Nasdaq e também na oferta subsequente de ações, que reforçou caixa com US$ 80,2 milhões em fevereiro. Na área de suporte a médicos, a aquisição da PeBMed com seu aplicativo que facilita consulta a conteúdos e ferramentas para a tomada de decisão clínica foi seguida pela da iClinic e MedPhone.

O executivo diz que a meta deve ser cumprida antes desse prazo, com foco em faculdades nas quais pelo menos 60% da receita esteja concentrada na área de medicina.

Entre as 13 instituições do grupo há o Centro Universitário São Lucas, em Rondônia, e a Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba e a Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida, no Pará. Há unidades do grupo com 60% dos alunos de fora do estado no qual estão localizadas.

Pandemia e câmbio

A estratégia da empresa tem se cumprido em meio à pandemia, às dificuldades em se atrair alunos e professores para fora dos grandes centros urbanos e até com o solavanco do câmbio.

“Quando investidor compra expectativa de geração de valor e caixa, se ele entra com dólar a R$ 3,80 e sai com R$ 5,70, o câmbio pode ferir por mais que tenhamos gerado ou excedido objetivos”, diz Luis Andre Blanco, CFO da Afya. A ação da empresa acumula alta de 4,42% no ano na Nasdaq.

A maioria das faculdades do grupo retomou as atividades práticas em maio e junho, e o remanejamento das aulas não providas no primeiro semestre trouxe um diferimento de R$ 14,5 milhões de receitas, que será reconhecido no balanço do terceiro trimestre.

A inadimplência se manteve controlada e, no terceiro trimestre, continuou na mesma tendência de 2019 mesmo com cursos de Medicina com ticket médio de R$ 8.500, disseram os executivos.

Ter esse ticket mesmo em regiões com renda salarial mais baixa faz bastante sentido, diz o CEO, que busca atrair alunos com nota alta no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Atraindo bons alunos gera-se ciclo positivo, atrai bons professores e faz o nome da instituição”, segundo Gibbon.

Novas regiões

A Afya surgiu em março de 2019 da união da NRE, especializada em cursos de graduação, com a Medcel, de cursos preparatórios para provas de residência médica. O fundo Crescera, anteriormente chamado Bozano, tinha participação na NRE Educacional e da Medcel. Fundo Bozano já teve o ministro da Economia, Paulo Guedes, como sócio, mas ele não foi o idealizador da Afya, diz a assessoria da companhia.

A Afya tem também aval para abrir cursos por meio do Programa Mais Médicos, do governo federal, em meio ao esforço para interiorizar o atendimento médico.

“Depois de formado, conhecendo a região e a infraestrutura hospitalar de onde se formou, a chance de o aluno permanecer na região é super relevante”, disse o CEO.

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