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Com a mistura do biodiesel indo a 12%, mercado pergunta se agora vai de vez. 3tentos está otimista

13 jul 2021, 12:37 - atualizado em 31 mar 2022, 19:30
Biodiesel
Mistura de biodiesel saiu dos 10% e irá a 12% no próximo leilão da ANP, em agosto (Imagem: REUTERS/Jamil Bittar)

Não chegou no B13, mas o B12 já serve. O mercado produtor de biodiesel entende que ao elevar a mistura ao diesel dos 10%, dos dois últimos leilões, o governo sinaliza positivamente que a programação estabelecida não seja mais interrompida a partir do próximo certame, de agosto, o 81º.

Destrava de vez ou não?

Até o final do ano, ainda deverá ter um último leilão, e a expectativa é que seja retomada a entrega de 13%, para depois, em março, entrar em vigor o B14 como está na agenda do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e Ministério de Minas e Energia.

A volta da previsibilidade e da segurança jurídica e de mercado, como lembra o presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Francisco Turra, reestimula os investimentos nessa matriz energética.

Para a estreante no mercado de capitais, a 3tentos (TTEN3), com o IPO desta segunda, foi boa notícia, pois fortalece a atração de investidores. No lançamento, as ações recuaram 1,2% e nesta terça (13) estão em 0,99% de alta às 12h45.

Os recursos captados daqui para frente deverão ser bem alocados em nova planta no Mato Grosso, embora o grupo atue verticalizado em todo o setor de grãos e o biodiesel da unidade de Ijuí (850 mil litros/dia) é apenas uma das atividades, lembra o CEO.

“Pelas interações que estamos vendo com o governo, acreditamos que voltaremos ao B13 e depois para o B14 e B15 [2023]”, diz Luiz Osório Dumoncel. Ele sabe, no entanto, que qualquer “motivo de força maior”, os leilões da ANP podem voltar a ser com mistura menor. O CNPE tem poder para voltar até 8% de mistura, como, inclusive, se pensou durante a greve dos caminhoneiros em 2018.

Petróleo e dólar

A volta ao percentual de 10%, no último leilão de abril, quando foram arrematados mais de 1 bilhão de litros de biodiesel, foi por pressão dos caminhoneiros e a soja, principal matéria-prima entre todas as matrizes do biodiesel, foi elevada à condição de culpada pela alta do diesel diante da valorização da commodity no mercado internacional.

Embora a soja siga sob demanda futura bastante presente da China, especialmente entre o último trimestre do ano e começo do seguinte – quando já não há mais a oferta brasileira 20/21 e a 21/22 não foi colhida ainda -, Dumoncel pensa que o cenário de pressão do petróleo e do dólar favorecem o biodiesel. Antes, o Brasil importava 35% do diesel consumido, com o biocombustível de soja (em torno de 65% de participação) e sebo a importação caiu para 21%, acrescenta.

Além disso, quanto mais soja ficar no Brasil para ser transformada, agrega valor ao mercado, ao invés de priorizar a venda do grão commoditizado”, discute Francisco Turra, da Aprobio.

E espalha valor para outras cadeias, como de proteína animal. Na resolução autorizando a volta do B12, a estimativa é que serão esmagadas 620 mil toneladas a mais – gerando um adicional de 200 milhões de litros para entrega no bimestre setembro-outubro -, e acrescerá a oferta de farelo de soja em 500 mil/t. Convertidas em carne de frango, elevaria a produção em 580 mil/t.

Num momento, também, no qual é conhecida a escassez de matérias-primas para rações, como o milho, grão que terá forte queda na principal safra brasileira, a deste inverno.

O cenário de otimismo para a sequência de valorização, sem interrupção, da mistura do biodiesel dentro do cronograma definido também leva-se em conta o valor ambiental, destacam o CEO da 3tentos e o presidente da Aprobio. Ponto este no qual o governo Bolsonaro é bastante questionado e que deverá figurar com mais força na pauta política à medida que as eleições de 2022 se aproximam e as pesquisas eleitorais sigam derrubando as expectativas de reeleição do presidente.

Preços

Por enquanto, do ponto de vista das cotações da soja, não há nenhuma expectativa de aumento com um pouco mais de demanda que a matéria-prima terá, especialmente nas regiões com mais usinas de biodiesel de soja, como o Rio Grande do Sul.

Para o analisa Vlamir Brandalizze, o mercado esperava que viesse o B13. Portanto, já estava no preço. Com 1% a menos, a soja fica menos pressionada ainda.

“Já ia ter que esmagar [as 620 mil/t adicionais] para atender o farelo, que terá recorde de consumo, e o óleo, que se acomodou, sobraria para exportação”, complementa Brandalizze, para quem agora o óleo ficará no mercado interno.

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