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Com 150 milhões de motoristas, Índia só vende 8 mil elétricos

07 out 2019, 10:11 - atualizado em 07 out 2019, 10:11
Em um país com cerca de 150 milhões de motoristas, apenas 130 SUVs Kona haviam sido vendidos para concessionárias até agosto (Imagem: Anindito Mukherjee/Bloomberg)

A Hyundai Motor lançou o primeiro SUV elétrico da Índia em meados do ano com um peculiar comercial na TV, que instava millennials a “Dirigir Para o Futuro”. Passados alguns meses, a montadora está em uma estrada solitária.

Em um país com cerca de 150 milhões de motoristas, apenas 130 SUVs Kona haviam sido vendidos para concessionárias até agosto. A lentidão é emblemática das dificuldades que montadoras enfrentam para criar uma demanda por veículos elétricos no quarto maior mercado automotivo do mundo, mesmo com o apoio do governo.

O Kona é vendido por cerca de US$ 35 mil, enquanto o indiano médio ganha cerca de US$ 2 mil por ano – e o modelo mais vendido, com alto consumo de gasolina, custa US$ 4 mil. No entanto, o preço do Kona é apenas um dos fatores no debate sobre por que os veículos elétricos não ganham força na Índia: há também uma falta de infraestrutura para recarregar os veículos, relutância dos bancos em financiar compras e uma resistência entre departamentos do governo em usar veículos elétricos conforme as instruções.

Apenas 8 mil veículos elétricos foram vendidos localmente nos últimos seis anos, segundo dados compilados pela Bloomberg. A China vende mais do que esse volume em dois dias, de acordo com as estimativas da BloombergNEF.

“A acessibilidade dos carros elétricos na Índia simplesmente não existe”, disse R.C. Bhargava, presidente do conselho da Maruti Suzuki India, fabricante do Alto, modelo líder de vendas. “Não acho que o governo ou as montadoras esperem que nos próximos dois a três anos haja uma compra real de veículos elétricos.”

O segmento ainda não avançou significativamente mais de quatro anos depois que o governo começou a promover veículos mais limpos em um dos países mais poluídos do mundo. Em fevereiro, a administração do primeiro-ministro Narendra Modi se comprometeu em gastar US$ 1,4 bilhão em subsídios, infraestrutura e publicidade.

O potencial do mercado de veículos elétricos da Índia não pode ser ignorado. Existem apenas 27 carros para cada 1 mil indianos, em comparação com 570 para o mesmo número de alemães, dando às montadoras globais uma oportunidade de desafiar o domínio da Maruti – a unidade da japonesa Suzuki Motor, que vende todos os outros carros nas estradas locais.

A Maruti só deve lançar seu veículo elétrico em 2020. A Tata Motors e a Mahindra & Mahindra fabricam alguns modelos básicos de carros elétricos, mas que têm alcance limitado ou são exclusivamente para uso do governo. O Kona oferece à Hyundai uma vantagem de pioneirismo em um mercado em que os modelos elétricos podem responder por 28% das vendas de veículos novos até 2040, de acordo com a BNEF.

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