Coluna: safra brasileira não deve dar apoio a otimistas com preços da soja
Os mercados de soja enfrentaram alguns ventos contrários aos preços internacionais nas últimas semanas, com os estoques globais crescendo acima das expectativas, embora os produtores brasileiros ainda estejam plantando sua próxima safra e o resultado esteja longe, no futuro.
No entanto, já se passaram alguns anos desde que a temporada de soja do Brasil diminuiu, já que o período de cultivo geralmente coincide com um clima confiável e favorável.
As chances são boas em qualquer ano de que a safra do Brasil irá atender ou superar as expectativas, garantindo oferta exportável.
O Brasil, maior produtor e exportador de soja, iniciou com eficiência seus esforços de plantio.
Nacionalmente, o avanço da semeadura foi estimado entre 36% e 38% no final da semana passada, à frente dos 27% que são mais comuns na data.
O plantio está bem à frente do normal no maior produtor, Mato Grosso, mas mais ao Sul, no segundo maior, o Paraná, o progresso está um pouco atrasado. No entanto, as áreas do Sul estão recebendo a chuva necessária após o inverno seco.
O plantio mais rápido não garante necessariamente maior produtividade, embora signifique uma disponibilidade de abastecimento mais cedo, caso não haja interrupções na colheita.
Traders estarão observando o desempenho do clima no Brasil previsto para os próximos meses, mas é improvável que um viés altista nos preços se desenrole amparado pelo lado da produção.
Perseverança
A safra de soja do Brasil pode prosperar mesmo em condições mais secas do que o normal, por causa do volume de chuvas.
A precipitação em dezembro, um mês importante para a produtividade do grão, é em média de 220 milímetros (8,7 polegadas) na área de produção de Mato Grosso, por exemplo.
Para efeito de comparação, o maior produtor de soja dos Estados Unidos, Illinois, tem uma média de cerca de 3,65 polegadas em agosto.
O Sul do Brasil também pode esperar chuvas favoráveis, com os totais de dezembro e janeiro no Paraná cada um com média de pelo menos 6,5 polegadas.
Mato Grosso teve apenas uma safra realmente ruim de soja na última década ou mais, e isso foi no início de 2016, após um período excepcionalmente seco no ano anterior.
O calor excessivo e prolongado combinado com a seca diminui em mais de 10% a produtividade da oleaginosa.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) projetou a produção de soja do Brasil em 2021/22 em 144 milhões de toneladas, alta de 5% no ano, embora a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) seja mais cauteloso, com 140,8 milhões de toneladas.
O atraso no plantio do Brasil na safra anterior estendeu a janela de embarque dos EUA até janeiro deste ano, mas nos meses seguintes as exportações norte-americanas atingiram as mínimas históricas na baixa temporada comercial dos EUA.
Agora, a iminente colheita brasileira já está prejudicando o potencial dos EUA. Os preços de exportação da soja do Brasil no início de 2022 são muito mais atraentes do que os atuais nos Estados Unidos, em um momento em que as vendas americanas devem ser fortes.
Vale destacar, que o principal comprador, a China, não mostrou recentemente um interesse elevado e consistente na oleaginosa dos EUA.