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O atual momento da Genesis: estamos observando a nova FTX?

07 dez 2022, 16:49 - atualizado em 07 dez 2022, 16:49
FTX Falência Alameda
Qualquer semelhança entre o ocorrido com a Genesis, mais antigo prime broker do mercado de cripto, e a FTX não é mera coincidência (Imagem: Crypto Times)

Por Orlando Telles*

A última semana foi marcada por uma grande incerteza do mercado sobre o futuro do mais antigo Prime Broker, empresa que realiza operações de trading, custódia e empréstimo do mercado de cripto, a Genesis.

Só para ter uma dimensão do tamanho desse player, durante do bull market de 2021, a empresa possuía mais de US$ 130 bilhões em operações de empréstimos, fazendo parte de um dos maiores grupos financeiros de cripto da atualidade, o Digital Currency Group (DCG).

Agora, irei explicar em detalhes quem são esses players e quais os possíveis impactos para o mercado de cripto com uma eventual falência da Genesis.

Genesis, Digital Currency Group, Grayscale?

Digital Currency Group Inc. – DCG é um fundo de Venture Capital e Holding composto por várias empresas subsidiárias no mercado de cripto, entre elas a Coindesk, maior grupo de mídia de cripto da atualidade; a Grayscale, principal fundo de investimento em cripto; e a Genesis, mais antigo Prime Broker do mercado.

Vale destacar a relevância da Genesis e da Grayscale para o mercado de cripto. A primeira foi responsável em 2021 por operar US$ 116 bilhões no mercado spot, US$ 53 bilhões no mercado de derivativos e realizar US$ 130 bilhões em empréstimos.

Já a segunda, possui como seu principal produto o GBTC, maior fundo de Bitcoin da atualidade, com um capital sob gestão de 600 mil BTC, gerando anualmente cerca de US$ 0.5 bilhões em receita.

Os problemas da Genesis 

Quando comparamos o período de 2021/Q4 com o período de 2022/Q3, é possível ver que os números da Genesis diminuíram consideravelmente. E, com isso, a capacidade de geração de receita.

Somado a essa diminuição de atividade, a Genesis enfrentou uma série de reveses durante este ano, que podem ter contribuído para formar um rombo financeiro nos balancetes da empresa. As movimentações, no entanto, têm relações rastreáveis on-chain com outras empresas problemáticas, como a FTX/Alameda e o falido fundo da Three Arrows Capital (3AC).

O futuro da Genesis e do mercado

Uma alternativa seria o DCG salvar a Genesis novamente. Entretanto, seria uma decisão cara demais e que pode comprometer o futuro financeiro da organização.

Com isso, existem duas alternativas para o futuro da empresa de empréstimo: acordo entre os credores ou pedido de falência.

No primeiro caso, o acordo com os credores pode ser o cenário mais plausível se estes encontrarem outro meio para levantar liquidez e não existir uma grande alavancagem interna no DCG (Dívidas do DCG com a Genesis).

De acordo com informações do mercado, há a expectativa de que 30% das dívidas na Genesis sejam relacionadas ao DCG, o que pode ser um fator que potencializa o risco de falência. Caso esse cenário se concretize, deve-se observar uma redução significativa na confiança dos investidores institucionais em cripto e uma expansão da crise de liquidez.

A outra alternativa, como apontado anteriormente, seria o pedido de falência. Em um cenário mais amplo, não deve ser um problema tão grande quanto o da FTX em termos financeiros. Porém, uma falência por parte da maior holding de cripto da atualidade seria algo que assustaria bastante o mercado.

*Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, holding de inteligência em criptomoedas. O especialista é responsável pela gestão de riscos e análises fundamentalistas dos principais projetos do mercado de criptomoedas da holding. Com especialidade em ciências atuariais, Telles produz, atualmente, análises e conteúdos distribuídos pelos maiores players de cripto do Brasil.

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