Cogna: resultado fraco do quarto trimestre é só o começo
A Cogna (COGN3) entregou números do quarto trimestre pressionados pela reestruturação no ensino superior. Mas isso é só o começo e os efeitos serão sentidos também nos próximos meses, aponta o analista da XP Investimentos, Vitor Pini.
De acordo com ele, “as dores da reestruturação ainda serão sentidas durante 2021”.
A empresa calcula impacto de R$ 143 milhões no resultado e um efeito de R$ 206 milhões no caixa em 2021 com a operação.
“Embora tenhamos reconhecido o benefício dos ajustes no contas a receber no quarto trimestre, ainda estamos cautelosos quanto à exposição líquida de R$ 1,1 bilhão no balanço a financiamentos privados que podem levar a ajustes adicionais e impacto no resultado futuro”, disse.
Não bastasse isso, o ciclo de captação de 2021 deverá sofrer com as incertezas provocadas pela segunda onda da Covid no Brasil.
Com isso, a XP manteve a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 5,1 por ação.
Números
No caso da Kroton, que atua na graduação, o analista destaca que a base de alunos presencial ficou em 229 mil, 29% abaixo do ano anterior e apenas 0,3% abaixo das estimativas.
No que diz respeito ao ensino a distância, houve um crescimento de 18% no número de alunos, que atingiu 541 mil, 0,7% abaixo das estimativas.
O Ebitda ajustado negativo em R$ 295 milhões (contra R$ 272 milhões no quarto trimestre de 2019 e R$ 89 milhões das estimativas), foi impactado por despesas de PDD acima do esperado de R$ 674 milhões.
“A Cogna registrou um quarto trimestre altamente pressionado por sua divisão de graduação – Kroton – com provisão para devedores duvidosos acima do esperado, levando ao não atingimento do guidance de 2020”, argumenta.
No consolidado, a receita líquida da Cogna atingiu R$ 1,6 bilhão, queda de 15% no ano e 5% abaixo das estimativas devido à receita de vendas de livros menor do que o esperado.
A empresa apresentou um prejuízo líquido de R$ 589 milhões, enquanto a XP estimava prejuízo de R$ 245 milhões para a companhia.