Cogna (COGN3) tem prejuízo abaixo do esperado no 3º tri, com forte expansão na geração de caixa
A Cogna (COGN3) encerrou o terceiro trimestre com prejuízo líquido ajustado de 44 milhões de reais, em desempenho ainda pressionado pelo resultado financeiro, mas com expansão de receitas, margem operacional e na captação de alunos.
Um ano antes, a companhia teve prejuízo ajustado de 147,5 milhões de reais.
Nos três meses encerrados no final de setembro, a receita líquida alcançou 1,27 bilhão de reais, alta de 19,3%, com expansão em todas as unidades de negócio da companhia (Kroton, Vasta e Saber), de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo grupo de educação.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente aumentou 32%, para 305,8 milhões de reais, com a margem nessa métrica avançando 2,3 pontos percentuais, para 24,1%.
Estimativas compiladas pela LSEG apontavam para prejuízo líquido de 110,51 milhões de reais e Ebitda de 283,95 milhões no terceiro trimestre, com a receita alcançando 1,23 bilhão.
“Todos os negócios estão crescendo em todas as linhas, mas o fato de termos uma dívida em função da aquisição de Somos, a taxa de juros estar alta e estarmos investindo muito em tecnologia… impactou o lucro”, afirmou presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério Neto.
O resultado financeiro ficou negativo em cerca de 268 milhões de reais no período de julho a setembro, ante saldo negativo de 245 milhões um ano antes. Houve queda de 6,5% nas despesas financeiras, mas a receita financeira caiu 42,1%.
De acordo com o executivo, uma melhora nessa métrica virá com a manutenção do forte crescimento na geração de caixa que a companhia vem apresentando, mas também conforme a taxa Selic recue ainda mais, enquanto a companhia continua no processo de redução de endividamento.
No terceiro trimestre, o grupo apurou crescimento de 36,6% na geração de caixa operacional após investimentos, para 254,8 milhões de reais.
O presidente da Cogna reiterou que espera um quarto trimestre “muito bom” do ponto de vista de geração de caixa, particularmente em razão do recebimento de pagamentos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) pela Saber, o que deve deixar o desempenho no ano perto previsão para 2024 – de 1 bilhão de reais.
“Nós vamos fazer algo muito próximo de 1 bilhão de reais esse ano… E como a empresa está crescendo, estamos confiantes de que vamos entregar esse ‘guidance’ de 1 bilhão (no próximo ano)”, afirmou o executivo.
O fluxo de caixa livre ainda foi negativo, em 297,7 milhões de reais, mas foi bem menor do que o consumo de 1,553 bilhão um ano antes, reflexo de recompra de debêntures no mercado secundário de 1,1 bilhão no primeiro semestre de 2023.
No terceiro trimestre, também houve aumento de 2,3% nos investimentos em expansão versus o mesmo período do ano passado, refletindo aumento de 189,5% na linha de equipamentos de informática e biblioteca e aumento de 57,3% em ampliações.
O grupo encerrou setembro com uma alavancagem medida pela dívida líquida sobre o Ebitda ajustado de 1,88 vez, versus 1,98 vez ao final de junho e 2,15 vezes um ano antes. A dívida líquida somou 3,3 bilhões de reais.
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Unidades de negócio
Em Kroton, de ensino superior, a receita de captação do segundo semestre na graduação cresceu 6,5% em comparação a igual intervalo de 2022, com o volume total de alunos captados no ciclo aumentando 5,3%, para 303,3 mil. No final de setembro, essa unidade tinha 1,05 milhão de alunos na graduação e 74,8 mil na pós-graduação.
A provisão para inadimplência dos alunos (PCLD) foi reduzida em 22,4%, o que resultou em redução da razão entre o PCLD e receita operacional líquida de 13,2% para 9,5%.
“Com o cenário macroeconômico atual, esperamos manter o indicador de PCLD/ROL no mesmo patamar do indicador divulgado no segundo trimestre de 2023 (11,2%)”, afirmou a companhia no balanço.
Valério Neto também chamou a atenção para a queda na evasão de alunos, com o índice passando de 17,9% para 16,5% na gradação. Na pós-graduação, a taxa passou de -2,9% para -3,7%. “O aluno está vindo, está vindo com qualidade de receita, porque a PCLD está caindo, a geração de caixa está aumentando e ele está ficando mais.”
Na divisão de ensino de medicina, Kroton Med, a receita líquida aumentou 11,5%, para 149 milhões de reais, mas o Ebitda recorrente caiu 12,1%, para 49,2 milhões, o que a empresa atribuiu ao provisionamento das retenções do FG-FIES realizadas no trimestre.
A unidade de sistemas de ensino para educação básica, Vasta, encerrou no trimestre o ciclo comercial de 2023, com aumento de 18% na métrica ACV (valor dos contratos de venda de material didático) ante 2022. Houve aumento de 21,7% no número de alunos que adotam os produtos da empresa, a 453,6 mil.
A expansão no ACV para 1,2 bilhão de reais ficou abaixo do guidance de incremento de 20%, o que a empresa justificou citando o “contexto macroeconômico desafiador que impactou o cenário de crédito”.