Cofco vê maior demanda de farelo de soja no Brasil
A peste suína africana, que se espalha por toda a Ásia, deve aumentar a demanda por farelo de soja no Brasil, que acelera a produção de carne para exportar para a China, segundo a Cofco International.
O consumo de farelo de soja, ingrediente-chave na alimentação de suínos, aumentará em 1 milhão de toneladas no próximo ano devido ao impulso das exportações de carne para o mercado chinês, disse Carolina Hernández Tascon, responsável comercial e de trading de grãos e oleaginosas no Brasil da Cofco, maior empresa de alimentos da China.
O volume representa um aumento de cerca de 7% em relação ao ano anterior.
A perspectiva de que o impacto da peste suína africana no maior consumidor mundial de carne suína gere uma escassez global de proteínas valoriza as ações de processadoras de carne.
O preço da ação da JBS (JBSS3), o maior frigorífico do mundo, mais que dobrou este ano, enquanto os papéis da BRF acumulam alta de 77%.
“Estamos planejando pelo menos um milhão de toneladas a mais de consumo de farelo de soja no próximo ano”, disse Hernández em entrevista no Financial Times Commodities Americas Summit, no Rio de Janeiro.
“Tudo devido às exportações? Talvez não”, disse a executiva, explicando que a empresa também conta com o crescimento doméstico, diante da estabilização da atividade econômica, embora o peso das exportações seja maior.
Mais carne
Com a peste suína africana, que mata a maioria dos porcos infectados em 10 dias, os preços da carne de porco na China acumulam ganho de 77% este ano.
Embora o consumo de carne de porco tenha diminuído, uma parte está sendo substituída com uma maior demanda por frango, disse Valmor Schaffer, diretor-gerente da Cofco no Brasil, em entrevista.
“Não podemos esquecer que as pessoas continuam comendo carne”, disse Schaffer. “É apenas uma carne diferente.”
As exportações totais de soja da Cofco para o Brasil caíram em 1,5 milhão de toneladas em 2019, em razão da menor atividade de esmagadoras chinesas por causa da doença, disseram os executivos. Por outro lado, os embarques de milho aumentaram em 1 milhão de toneladas.
Como resultado, as exportações da Cofco foram 500 mil toneladas menores que no ano anterior. A empresa espera recuperar o nível das exportações de soja em 2020.
“Podemos começar a ver uma recuperação em meados do próximo ano se a peste suína africana estiver totalmente controlada”, disse Hernández.
“Hoje, o que ouvimos das pessoas na China é que as áreas costeiras são um pouco mais seguras, mas, no interior, ainda existe alguma presença, sendo preciso controlar totalmente o meio ambiente. Se isso acontecer até o final do ano, pensamos que em abril, maio e junho poderemos começar a ver algumas mudanças.”
Ainda assim, “para restaurar todo o plantel morto com a doença, levará pelo menos 2 a 3 anos”, avalia a executiva.