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Cofco diz que logística no Brasil preocupa diante de medidas contra coronavírus

31 mar 2020, 21:01 - atualizado em 31 mar 2020, 21:01
Outra questão decorrente dos efeitos do coronavírus no Brasil que afetou a companhia é a notificação de redução na demanda por distribuidores de combustíveis (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

A chinesa Cofco sofreu efeitos de medidas para conter o coronavírus no Brasil na sua unidade de biodiesel em Mato Grosso e avalia que a logística para o escoamento de produtos agrícolas é a questão de maior preocupação, afirmou nesta terça-feira o diretor jurídico da companhia no Brasil, Eduardo Andretto.

A planta citada está localizada em Rondonópolis (MT), onde a prefeitura decretou a paralisação de todas as atividades industriais na semana passada, com o objetivo de combater a doença.

A Reuters havia reportado na semana passada que o decreto poderia afetar atividades de companhias que atuam no importante polo do agronegócio, como Cofco e Bunge.

“Uma decisão municipal tentou paralisar atividades de produção de biodiesel da Cofco e conseguimos dar continuidade por meio de uma liminar judicial”, afirmou o executivo durante participação em uma webinar.

“No entanto, a questão de maior preocupação relacionada a coronavírus é a logística, custos com demurrage subiram no porto de Santos, por exemplo”, acrescentou o executivo, em referência as taxas pagas por navios que ficam mais tempo do que o programado.

Nesta terça-feira, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) afirmou que a diminuição de caminhoneiros nas estradas, devido a dificuldades logísticas deflagradas pelas medidas para combater o coronavírus, tem sido um problema para o escoamento da safra, em processo de colheita no principal Estado produtor do país.

Outros setores do agronegócio, incluindo a indústria de soja, têm feito reclamações na mesma linha, apesar de atividades agrícolas e de transporte de safras terem sido consideradas essenciais pelo governo federal, com o objetivo de afastar barreiras municipais e estaduais que acabam sendo um problema para a estrutura de escoamento.

Andretto comentou sobre a tentativa, sem sucesso, dos estivadores do porto de Santos de paralisar as atividades portuárias com o intuito de prevenir a disseminação do vírus.

“O Ministério da Infraestrutura teve uma atuação importante para manter a logística de escoamento nos portos”, avaliou.

Outra questão decorrente dos efeitos do coronavírus no Brasil que afetou a companhia é a notificação de redução na demanda por distribuidores de combustíveis, com a justificativa de força maior, afirmou.

A companhia do setor sucroenergético Biosev (BSEV3) enfrentou os mesmos problemas que a Cofco com administrações municipais (Imagem: Site da Biosev)

“Já fomos notificados por duas distribuidoras de combustíveis”, disse Andretto.

No mercado de etanol, a Raízen, joint venture da Shell e Cosan (CSAN3), declarou força maior. Já a BR Distribuidora (BRDT3), a maior do setor, disse que identificou a necessidade de flexibilizar volumes, em meio à queda da demanda.

Biosev

A companhia do setor sucroenergético Biosev (BSEV3) enfrentou os mesmos problemas que a Cofco com administrações municipais, mas em unidades localizadas em Mato Grosso do Sul, disse Bruno Galvão, coordenador jurídico.

“Um prefeito decretou a paralisação do transporte coletivo e não temos condições de deslocar todos os funcionários até a planta em veiculos particulares.”

Também via webinar, Galvão disse que, paralalela à decisão que causou um “tremendo impacto” para a companhia, houve uma solicitação da secretaria de saúde pedindo doações de álcool 70 para auxílio contra o coronavírus.

“A demanda da área da saúde mostra como a atividade da agroindústria é essencial. Conseguimos reverter o caso em Mato Grosso do Sul, mas seguimos preocupados pela falta de sensibilidade presente no cenário (das decisões públicas).”

Em relação ao mercado de etanol em geral, a tendência é que o setor seja um dos mais prejudicados pelos efeitos do Covid-19, afirmou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito.

“Não usar a Cide para balizar os preços aos custos de produção foi um grande tiro no pé e agora (em meio à crise) isso terá um impacto devastador sobre o setor de etanol brasileiro.”

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