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CSN (CSNA3): Por que é bom não se animar com alta das ações, segundo analistas

13 ago 2024, 13:15 - atualizado em 13 ago 2024, 13:31
CSN
(Imagem: CSN/Facebook)

A CSN (CSNA3) reportou seus resultados que, apesar de um prejuízo de R$ 222 milhões, animaram investidores, com alta de quase 4% na bolsa, também embalada pelo forte desempenho da CSN Mineração (CMIN3), que liderava o Ibovespa.

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Apesar dos números terem sido considerados bons, as cifras não foram suficientes para mudar o pessimismo dos analistas, que continuam vendo desafios para a gigante.



O problema recaia, sobretudo, na fraqueza da economia da China. Os analistas ainda não veem uma melhora substancial no país asiático. A concorrência, mais acirrada, também não ajuda.

Entre os pontos positivos, a Genial destaca a recuperação nos volumes, especialmente no mercado doméstico, onde as vendas de na divisão de aço alcançaram 1.124 Kt.



Porém, a corretora recorda que a dinâmica conturbada para as usinas expostas a aço plano ainda persiste, diante da forte competição com o aço importado, especialmente da China, o que continua a pressionar as margens.

A alavancagem, um dos pontos de preocupação da companhia, subiu para 3,36x a dívida líq./Ebitda, o que para a Genial deve causar um sentimento negativo para os investidores.

Ainda assim, colocam os analistas, com um desempenho do Ebitda de mineração maior do que o esperado, o Ebitda consolidado da holding também subiu bem, chegando a R$ 2,6 bilhões.

Para o Bradesco BBI, os resultados da CSN foram marcados por números operacionais fortes em todas as divisões, seguindo:

  1. a maior produção de minério de ferro desde 2016;
  2. uma recuperação trimestral nos resultados da divisão siderúrgica; e
  3. volumes recordes na divisão de cimento.

Na divisão de cimento, lembra, os volumes de vendas atingiram um recorde de 3,6 milhões de toneladas, o que, juntamente com custos mais baixos (10% menores), levou a margem Ebitda da divisão a se expandir em mais de 2pp, para 28% (apesar dos preços de cimento realizados mais fracos).

Ainda assim, o Bradesco recorda que a CSN queimou quase R$ 1,2 bilhão em caixa, levando a um aumento de sua alavancagem de 0,2x, para 3,4x a relação dívida líquida/Ebitda (com dívida líquida subindo 11%, para R$ 37,2 bilhões, o que também é explicado pelo real mais depreciado).

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Por que CSN não é compra?

Tanto Bradesco quanto a Genial e a XP reafirmaram recomendação neutra para CSN. Segundo a XP, há expectativas de uma desaceleração nos números das operações de mineração, refletindo menores preços de minério de ferro.

Ademais, o desempenho de preços ainda pressionado na divisão siderúrgica em meio a uma concorrência mais acirrada com produtos importados.

Para a Genial, o viés exportador da China continua a afetar as siderúrgicas nacionais, criando um ambiente de competição acirrada para a CSN.

“A introdução de novas cotas para a importação de aço no Brasil, em vigor desde junho, ainda não mostrou impacto significativo nos preços, e a expectativa é de que o cenário negativo persista no segundo semestre”, coloca.

Ainda para os analistas, a produção robusta de aços planos na China mantém a pressão sobre o mercado doméstico brasileiro, dificultando a recuperação de preços para as usinas de aço locais.

“A divisão de aço continua sendo detratora no resultado consolidado, com configurando mais um trimestre onde a CSN perdeu rentabilidade na disputa contra o aço chinês importado. Mesmo com o incremento de novas cotas, não acreditamos em um efeito a ponto de alterarmos nossa recomendação e valuation”, discorre.

O Bank of America manteve a recomendação underperform, ou abaixo do desempenho do mercado, tanto na CSN quanto na CMIN, com na perspectiva cautelosa para o minério de ferro, “o que pode pressionar os resultados e a alavancagem da CSN, enquanto a avaliação da CMIN parece completa em nossa visão em 4,2x o  valor de mercado sobre resultado operacional (EV/Ebitda)”.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.