CNDL/SPC Brasil: 4 em cada 10 usuários do cheque especial recorrem ao saldo extra todos os meses
Uma parcela considerável dos usuários de cheque especial acaba recorrendo ao saldo extra todos os meses, de acordo com a nova pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Dos 40% que dizem utilizar o recurso com frequência, 48% pertencem às classes C, D e E.
Segundo José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil, o cheque especial só deve ser utilizado em ocasiões emergenciais e durante períodos curtos, justamente por apresentar juros elevados.
“É um erro incorporar o limite do cheque especial como parte da renda”, diz o especialista. “Essa ilusão pode levar o consumidor a gastar mais do que o orçamento permite e ver sua dívida se transformar em uma bola de neve muito difícil de ser paga”.
Motivações
Os imprevistos com doenças ou compra de medicamentos, juntamente com o descontrole no pagamento das contas, representam a principal motivação de quem recorre ao limite extra, com 25% cada. Outros 23% acabam recorrendo ao saldo por estar com pagamentos de contas a vencer, enquanto 18% precisam realizar a manutenção do automóvel ou da moto.
Solicitação de crédito
A pesquisa também revelou que apenas 24% das pessoas que usaram o cheque especial no último ano solicitaram o crédito espontaneamente. 68% receberam o limite de forma automática ou a partir de uma oferta, sem a solicitação direta do banco.
Apenas 33% buscaram outras alternativas de crédito para conseguir o dinheiro que precisava antes de recorrer ao limite fornecido pela instituição.
Falta de análise
Quase 40% dos entrevistados afirmam não ter analisado as tarifas e os juros porque precisavam do valor, independentemente dos custos (25%). Aqueles que não perceberam que entraram no cheque especial formam 7%. Há ainda 43% que dizem desconhecer o valor dos juros e taxas que os bancos cobram. 34% ficaram com o “nome sujo” por não honrar com o pagamento.
“O consumidor tem de ter clareza de que o dinheiro incorporado ao seu saldo bancário não é seu. Se usar, terá de devolver, e pagando juros altíssimos, afinal, se trata de um tipo de empréstimo”, alerta Vignoli.
Instituições
Os bancos tradicionais continuam respondendo pela maior parcela de empréstimos realizados (60%). As fintechs e os bancos digitais, no entanto, já têm participação relevante. Do total, 17% optam pelo cartão de crédito, 13% as financeiras, 11% os bancos digitais e 8% as fintechs de crédito.
Metodologia
A pesquisa ouviu primeiramente 805 consumidores. Desses, continuaram a ser entrevistados somente aqueles que disseram ter utilizado cheque especial ou empréstimo.
A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para uma margem de confiança de 95%.