CNA planeja hub de educação com múltiplas marcas: “Só idioma hoje não é diferencial”, diz CEO

O CNA+, holding do CNA Idiomas, quer transformar sua operação em um verdadeiro hub de educação, juntando a força da tradicional rede de idiomas com o crescimento acelerado da edtech Ctrl+Play, além de uma possível entrada de novas marcas no portfólio.
Em entrevista ao Money Times, Décio Pecin, CEO do CNA, disse que os planos para 2025 incluem ampliar a atuação do grupo CNA+ para além do ensino de idiomas e da programação infantil. A meta é incluir novas atividades extracurriculares que estejam em sintonia com as demandas das famílias e escolas brasileiras.
“A gente está procurando novas frentes para integrar ao nosso portfólio, que agreguem valor à proposta pedagógica e que tenham aderência ao que os pais querem para os seus filhos hoje”, afirmou o executivo.
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Segundo ele, a tendência é que áreas como lógica, criatividade, soft skills e empreendedorismo ganhem espaço dentro da holding, e possam ser oferecidas tanto nos colégios parceiros quanto nas unidades franqueadas da marca.
“Eu tenho dito que inteligência artificial, robótica e programação é o inglês de 30 anos atrás. As pessoas hoje buscam isso, os pais buscam isso para os seus filhos como um diferencial, até porque hoje em dia o idioma não é um diferencial. Diferente é aquele que hoje não tem o idioma”, afirmou Pecin.
Além da diversificação de portfólio, o executivo também quer garantir mais rentabilidade para os franqueados da rede — tema que, segundo ele, tem sido uma prioridade da companhia. “Nosso olhar está voltado para a saúde financeira das franquias. A gente só cresce de forma sustentável se o franqueado cresce junto”, explicou.
O objetivo, segundo Pecin, é que os próprios franqueados se tornem investidores do grupo, operando mais de uma marca da holding. “A ideia é que o mesmo empreendedor possa ter, dentro da sua unidade, dois ou três serviços que conversem entre si e que elevem o ticket médio, a permanência do aluno e, consequentemente, o lucro da operação”, completou.
Hoje, a marca CNA Idiomas soma 724 escolas e pretende encerrar 2025 com 750 unidades. Já a Ctrl+Play, edtech que integra a holding e atua com ensino de programação, deve chegar a 211 escolas, somando um total de mais de 960 franquias sob o guarda-chuva do grupo até o final do ano. No número de alunos, o objetivo são 190 mil.
De queda no número de alunos em 2020 para uma holding
Aos 52 anos de história, sendo 35 deles dedicados ao modelo de franquias, o CNA e o segmento de educação viveram nos últimos cinco anos uma de suas maiores transformações. A pandemia de Covid-19, em 2020, marcou um ponto de inflexão na trajetória do setor e da rede. A escola de idiomas que, até então, operava com 100% dos seus 180 mil alunos de forma presencial nas unidades físicas, se viu encurralada.
“Até a pandemia, nós não tínhamos ensino digital. Todos os nossos alunos estavam dentro das nossas franquias. O que houve ali foi uma disrupção total do nosso modelo de negócio”, afirmou Pecin, CEO da companhia.
Com isso, a empresa precisou adaptar rapidamente sua metodologia para o ambiente online. O CNA optou por manter a essência de sua abordagem comunicativa, priorizando a interação entre alunos e professores, e lançou um modelo de ensino digital síncrono, que contam com aulas ao vivo, em tempo real. Hoje, esse canal representa cerca de 10% da base total de alunos da rede, somando aproximadamente 15 mil estudantes.
Outro pilar importante que surgiu nesse meio do caminho foi a atuação direta em escolas privadas, com programas bilíngues ofertados tanto no currículo principal quanto como atividades extracurriculares. Esse canal, segundo Pecin, já responde por mais 10% da base total de alunos da holding.
Apesar da expansão dos canais digitais e escolares, o modelo de franquias segue sendo o coração da operação. Atualmente, cerca de 80% dos alunos do grupo ainda estão matriculados nas unidades físicas da rede. “Nós conseguimos recuperar a base de quase 180 mil alunos que tínhamos antes da pandemia, mas hoje 20% deles não estão mais dentro das franquias. Estão em outros canais. Isso mostra a diversificação que passamos a construir”, detalhou o CEO.
O perfil do público, segundo ele, também influencia na escolha pelo modelo presencial. Aproximadamente 80% dos alunos têm entre 3 e 17 anos, faixa etária que para Pecin exige maior contato humano no processo de aprendizagem. Já os cursos digitais, por sua vez, atendem principalmente alunos acima dos 18 anos, que representam cerca de 20% da base.