Cloroquina não será divisor de águas contra Covid-19, diz Teich
O ministro da Saúde, Nelson Teich, minimizou nesta quarta-feira a aplicação do medicamento cloroquina no tratamento da Covid-19, a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, dizendo que testes apontaram alta mortalidade da droga que foi amplamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
“A cloroquina hoje ainda é uma incerteza. Você teve aqueles estudos iniciais que sugeriram benefícios, mas existem estudos hoje que falam o contrário”, disse Teich em resposta a questionamento de um parlamentar durante audiência por videoconferência no Senado.
“Eu tenho uma pessoa, que é o presidente da Novartis, que é quem produz a cloroquina, a hidroxicloroquina, lá na China. Eles tiveram uma ordem de trabalhar 24/7 na produção da hidroxicloroquina, mas isso foi suspenso bruscamente. Conversando com ele, os dados preliminares da China, é que teve uma mortalidade alta, a dose é um pouco maior, e certamente o remédio não vai ser um divisor de águas em relação à doença”.
A cloroquina foi um dos motivos de embate entre Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cuja demissão abriu caminho para Teich assumir o cargo neste mês.
Enquanto Bolsonaro defendia publicamente a utilização do remédio –repetindo postura do presidente norte-americano, Donald Trump–, Mandetta sempre defendeu uma abordagem mais cautelosa, citando os efeitos colaterais e a falta de eficácia comprovada do medicamento.
Na semana passada, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou o uso de hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19, inclusive no início dos sintomas –como defendido por Bolsonaro– depois de encontro com o presidente e Teich no Palácio do Planalto.