Clientela dos diamantes De Beers pode ficar mais restrita
A De Beers estuda mudanças importantes na forma de venda de diamantes, tentando aliviar a crescente frustração da clientela — um grupo supostamente de elite que agora luta para gerar lucro.
Segundo pessoas familiarizadas com as discussões, a De Beers sinalizou que pode reduzir significativamente o número de compradores, possivelmente realizando o maior corte desde o fim de seu monopólio, no início do século. A companhia também reavalia a maneira como distribui diamantes entre o grupo, de acordo com as fontes, que pediram anonimato porque as conversas são particulares.
A forma de venda da maior produtora mundial de diamantes está em xeque após um ano desastroso para as empresas que lapidam e negociam joias ao redor do planeta. Os intermediários do setor estão em apuros após uma situação de excedente de pedras brutas e polidas destruir suas margens de lucro e os bancos restringirem financiamento.
O quadro piorou porque a De Beers manteve os preços de venda inalterados até o final do ano.
Diminuindo o número de clientes, a empresa poderia ajudar a fortalecer os empreendimentos restantes.
Executivos da De Beers se encontrarão com aproximadamente 80 compradores credenciados na semana que vem em Botsuana para a primeira venda do ano e para o coquetel anual — tradição iniciada quando a De Beers era administrada pela família Oppenheimer.
Clientes foram comunicados que podem esperar novas informações sobre possíveis alterações durante o encontro, segundo as fontes.
Os entrevistados acrescentaram que nenhuma decisão final foi tomada e que os detalhes provavelmente só serão divulgados mais para o final do ano. O atual contrato de seis anos da De Beers com os compradores termina no fim de 2020.
Um porta-voz da De Beers se recusou a comentar mudanças específicas que estão sendo consideradas.
“Estaremos nos comunicando diretamente com os clientes nos próximos meses a respeito do novo contrato, que focará em maximizar as oportunidades no novo mundo dos diamantes”, declarou a empresa.
O relacionamento da mineradora com seus clientes — que incluem negócios familiares de Israel e da Índia e subsidiárias de joalherias como a Tiffany — sempre foi complexo.
Em um sistema que se originou na década de 1890, a De Beers distribui suas pedras em 10 eventos por ano e os compradores precisam aceitar as quantidades e os preços (geralmente com desconto) que são oferecidos.
À medida que a crise no setor de diamantes se espalhou no ano passado, a companhia demonstrou flexibilidade sem precedentes nas regras de venda e acabou baixando os preços para ajudar os compradores. Mas a frustração com o processo continua.
Um ponto importante de discórdia é a política da De Beers de alocar mais diamantes aos clientes que compraram grandes quantidades anteriormente.
O esquema foi projetado para recompensar os compradores mais fortes, porém alguns suspeitam que resulta em compras irracionais e despejo de pedras a baixo preço, especialmente após a De Beers aumentar a flexibilidade nas vendas no ano passado.
A De Beers indicou que poderia mudar os critérios de alocação e torná-los mais subjetivos, segundo as fontes.