Classificação de ativos digitais e sua importância para a criptoeconomia
Por Paloma Sevilha, Stephanie Almeida e Liliane Dutra
A capacidade de obter informações consistentes sobre os ativos digitais é essencial para as empresas do setor, para os clientes e para os próprios reguladores, que podem contar com maior transparência nas transações, além de uma abordagem uniforme para aumentar a eficiência e confiabilidade do mercado.
Essas iniciativas têm o potencial de pavimentar o caminho dos agentes públicos e privados no entendimento da economia digital e oferecem espaço para discussão sobre ativos digitais com especialistas de mercado de forma voluntária.
Iniciativas e classificações de tokens
Uma dessas iniciativas é o ITC (International Token Classification) da ITSA (Associação Internacional para Padronização de Tokens), que oferece uma estrutura multidimensional para a classificação de qualquer ativo digital.
Os grupos macros das dimensões atuais do ITC incluem avaliações tecnológica, econômica, jurídica e regulatória.
Com uma arquitetura flexível, o ITC classifica os tokens de acordo com seis dimensões, sendo elas: finalidade econômica; setor do emissor; configuração tecnológica; direitos/reivindicação; tipo de emissor; e status regulatório – por jurisdição ou bloco.
Outra iniciativa para classificação é a Token Taxonomy Framework (TTF) – ou Estrutura para Taxonomia de Token, em tradução livre –, que oferece uma estrutura de composição, dividindo os criptoativos em partes básicas reutilizáveis, sendo o tipo base de token, suas propriedades e seu comportamento.
A classificação da TTF permite que tokens que compartilham as mesmas características sejam agrupados, além de ser útil para visualizar diferentes tipos de ativos digitais e aprender sobre as características básicas deles.
O esforço para classificação de ativos de forma padronizada é um tema familiar ao mercado financeiro, que conta com alguns mecanismos para tal. Um deles é a Classificação de Instrumentos Financeiros (Classification of Financial Instruments, em inglês), mais conhecida como código CFI, que é um padrão internacional aprovado pela ISO (International Organization for Standardization).
As iniciativas de classificação de tokens ajudam a entender que tipo de criptoativo uma pessoa está comprando e quais os tipos de riscos associados a esses ativos.
Por exemplo: no caso de compra de uma stablecoin, se esse ativo for classificado pelo ITC da ITSA, o comprador saberá se a stablecoin foi emitida por uma instituição financeira ou outra indústria, se o ativo tem lastro e quais direitos ele tem sobre o token.
A ativa participação na criação de consensos e na construção de padrões para a nova economia digital é um dos objetivos da Bitrust, que é membro da ITSA, da Digital Currencies Global Initiative da ITU, e representa a delegação brasileira em grupos técnicos da ISO.
No comitê ITC da ITSA, a Bitrust ajuda na discussão sobre inclusão de mais dimensões para a classificação de tokens, e também a classificar ativos digitais que existem hoje, num esforço voluntário de expandir a “Token Base” da associação.
Nos fóruns da ISO, a marca contribui com pesquisas técnicas sobre ativos digitais, com o objetivo de ajudar a chegar num consenso global sobre o que são moedas digitais. No Digital Currencies Global Initiative da ITU, a companhia participa da discussão sobre taxonomia de moedas digitais.
Liliane Dutra é economista, especialista em padronização de informações para o mercado financeiro, sócio fundadora da IPMF Global, Coordenadora da Comissão Brasileira de Padronização ABNT/CEE-112 e Chefe da Delegação Brasileira no Comitê Técnico ISO/TC68, o Comitê internacional da ISO para a indústria de produtos e serviços financeiros.
Paloma Sevilha é head de negócios da Bitrust.
Stephanie Almeida é especialista de negócios da Bitrust.