Claro, Vivo ou TIM? Saiba qual tele está mais preparada para o 5G
O leilão 5G atendeu as expectativas do mercado e, de quebra, trouxe cinco novas operadoras de telefonia móvel para o setor.
As empresas de menor porte brilharam na disputa pelos lotes regionais – além das recém-listadas Brisanet (BRIT3) e Unifique (FIQE3), Cloud2U e Neko viraram as novas operadoras. A Fly Link, que tinha arrematado um lote para operar na região de Minas Gerais, acabou desistindo.
O leilão também trouxe uma nova tele com abrangência nacional. A Winity II, controlada pelo Pátria Investimentos, arrematou o primeiro lote leiloado, da faixa de 700 MHz, por R$ 1,42 bilhão.
Mas não foram só as novatas que se deram bem no leilão. Na opinião do analista de telecomunicações da Genial Investimentos, Gabriel Tinem, as três principais teles, Claro, TIM (TIMS3) e Vivo (VIVT3), conseguiram resolver o problema de falta de espectro.
As empresas levaram lotes de 3,5 GHz, a faixa mais disputada entre as grandes empresas devido à capacidade, que permite agregar mais usuários e fornecer mais serviços. Elas também concorreram aos blocos da faixa de 2,3 GHz e de 26 GHz.
Ao fim do leilão, a Claro totalizou saldo de R$ 1,73 bilhão em lotes arrematados, acima dos pares. A postura agressiva da operadora, principalmente no primeiro dia da licitação, foi uma surpresa positiva.
“Eu não esperava que ela fosse realmente gastar bastante para conseguir todos os espectros”, disse Tinem. “Ela entrou forte nesse leilão, veio com metas bem claras de expansão, tanto que em vários lotes foi até o fim, dando contraproposta, brigando com a Vivo, brigando com a TIM e ganhando quase todas”.
No entanto, ao avaliar a empresa mais preparada para receber a tecnologia 5G, quem vence a disputa é a Vivo.
“A Vivo, ao mesmo tempo que tem uma estrutura de fibra óptica bastante complexa, ela se expande ao longo de grande parte do território nacional”, afirmou Tinem.
A fibra óptica será complementar ao 5G. Uma tecnologia pode funcionar corretamente sem depender da outra, mas a combinação das duas entregará ao consumidor um serviço de maior qualidade – em linha com o que se espera das operações da Vivo.
O analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, e o diretor de produtos e IoT da Accell Solutions (do InverGroup), Marcelo Assef, também acreditam que a Vivo sai na frente em relação a Claro e TIM. Galdi destacou, no entanto, que as três empresas estão bem estruturadas para suportar os investimentos necessários ao longo dos anos e cumprir com as metas impostas para o 5G.
“Todas as três têm suporte de matrizes no exterior e, portanto, expertise não vai faltar”, destacou o analista.
Nova tele nacional
A chegada da Winity no setor significa que Claro, TIM e Vivo vão ganhar uma nova concorrente. Apesar de ter garantido um lote da faixa de 700 MHz, classificada como uma espécie de “etapa inicial do 5G” por Tinem, a empresa do Pátria tem potencial para se tornar uma grande tele nacional.
Ainda não se sabe ao certo de que forma a Winity alcançaria o mesmo nível das outras grandes teles, mas os especialistas levantam alternativas sobre como ela poderia chegar até lá.
Segundo Tinem, para não ficar estagnada no segmento móvel, a empresa teria que buscar uma base de clientes maior e se desenvolver em diversas unidades de serviços, buscando inclusive parcerias.
Para Assef, a Winity poderia explorar mercados que não passam pelo radar das operadoras concorrentes, como cidades inteligentes onde a operadora muitas vezes não quer colocar cobertura.
Ações estão precificadas?
Desde o anúncio do leilão 5G no Brasil, o mercado vem criando uma grande expectativa sobre as empresas de telecomunicações e o futuro das suas operações, o que não está refletido nas ações.
Na opinião de Tinem e Galdi, a onda de precificação começou só agora. O analista da Mirae destacou que os papéis das teles não mostram desempenho diferenciado há um bom tempo – nem mesmo em época de divulgação de resultados. Com o 5G, isso tende a mudar.
“A entrada do 5G tende a mudar isto, criar valor e impactar positivamente os preços das ações”, afirmou Galdi.
Esse movimento, no entanto, deve acontecer ao longo do tempo, quando os resultados começarem a mostrar os efeitos do 5G.
As empresas – em especial, a Vivo – têm conseguido manter uma boa geração de caixa independentemente das condições do cenário macroeconômico, mas, tendo em vista o volume de investimentos que as operadoras vão injetar para operar a nova rede no Brasil e a compra dos ativos móveis da Oi (OIBR3), o curto/médio prazo deve ser pressionado.
No entanto, os analistas estão certos de que as empresas só têm a se beneficiar no longo prazo. E, pelo jeito, os investidores parecem entender isso também.
“Talvez, os retornos ao investidor não sejam diretamente na forma de dividendos ou JCP (juros sobre capital próprio). Talvez, eles vejam o retorno mais a longo prazo, na forma de investimentos, que é o que ela [a empresa] está buscando – outras formas de trazer esse retorno por investidor”, concluiu Tinem.
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