Clarida, do Fed, diz que BCs globais não deveriam coordenar política monetária
Os bancos centrais de diferentes países podem compartilhar análises de forma útil e adotar políticas monetárias semelhantes em resposta a choques globais comuns, mas uma coordenação explícita de suas condutas provavelmente faria mais mal do que bem, disse o vice-chair do Federal Reserve, Richard Clarida, nesta sexta-feira.
“A adoção de uma cooperação formal na política monetária global poderia minar a credibilidade dos bancos centrais e o apoio público à independência dos bancos centrais”, disse ele em comentários preparados para apresentação na Conferência de Política Econômica da Ásia de 2021.
Clarida não usou seu discurso para abordar diretamente a questão-chave atual –se o Fed deveria responder à aceleração da inflação com aumentos de juros mais rápidos do que o sinalizado até agora.
O diretor do Fed Christopher Waller defendeu que o banco central norte-americano fizesse isso em evento separado nesta sexta-feira.
Mas suas opiniões podem dar algumas pistas sobre seu pensamento e o do Fed em relação a como o banco central dos EUA deve posicionar sua política monetária, visto que outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), estão sinalizando que em breve aumentarão os custos dos empréstimos.
Cada banco central à sua maneira, foi a mensagem de Clarida, embora às vezes eles ajam de forma que parece coordenada simplesmente porque estão passando por pressões semelhantes.
Clarida também observou que os bancos centrais não são imunes às políticas monetárias uns dos outros e que não apenas mudanças nos EUA afetam as economias estrangeiras, mas também alterações na política monetária de outros países podem impactar a economia norte-americana e até mesmo forçar uma resposta do Fed.
Como exemplo, ele citou a desvalorização da moeda chinesa em 2015 e o atraso que isso causou nos planos do Fed de aumentar os juros naquela época.