Citrosuco aposta na China para acelerar venda de suco de laranja
A China pode ser a panaceia para o setor de suco de laranja, que enfrenta queda nas vendas nos mercados desenvolvidos. Pelo menos para produtores de baixo custo que não estão envolvidos em guerras comerciais.
A Citrosuco se encaixa nesse perfil. A empresa produz o dobro de todo o volume de suco de laranja da Flórida, por cerca de um terço do custo. Durante décadas, a Citrosuco vendeu a commodity para marcas conhecidas na Europa e nos Estados Unidos, que incluem a Tropicana, da PepsiCo.
Mas, na China, as startups locais de varejo e engarrafadoras surgiram como a melhor maneira de conquistar uma nova geração de consumidores.
A demanda chinesa por suco fresco se destacou este ano. Na semana passada, a Citrosuco recebeu um grupo de influenciadores chineses de segmentos como alimentos, bebidas e moda para promover suas credenciais de saúde e sustentabilidade.
“Estamos tentando vender suco de laranja para a China há uma década, sem sucesso”, disse o CEO da Citrosuco, Mario Bavaresco Júnior, em entrevista na fábrica de Matão, a maior do mundo. “Agora, estamos tentando fazer isso de uma maneira diferente – não oferecendo a commodity em si, mas como um produto com origem rastreada.”
Como grande parte do suco de laranja dos EUA é consumido na América do Norte, a commodity não foi atingida pela disputa tarifária entre Washington e Pequim na mesma intensidade que a soja ou o algodão.
Mas a guerra comercial acelerou o processo de abertura da China para novos mercados e produtos, o que é particularmente benéfico para produtores fora dos EUA.
Por enquanto, as vendas da Citrosuco para a China representam apenas 10% do volume vendido para a Europa. Mas Bavaresco disse que a empresa, controlada pelos grupos Fischer e Votorantim, está apenas começando. “É um mercado inimaginável em termos de tamanho. Só precisamos descobrir como conquistá-lo.”
As vendas de suco de laranja em mercados como EUA e Europa diminuem diante da preocupação dos consumidores com a saúde, o que os leva a evitar bebidas açucaradas e a experimentar novos produtos. Ao mesmo tempo, o setor de suco de laranja da Flórida teve de enfrentar a doença greening, que encolheu áreas de cultivo e aumentou os custos.
A Citrosuco, que cultiva metade das laranjas que usa para fabricar seu suco, diz que seu custo de produção é cerca de US$ 4 por caixa, em comparação com o custo médio da Flórida de US$ 14.
Além disso, os preços do suco de laranja na ICE Futures acumulam queda de mais de 30% em 12 meses e estão no nível mais baixo em uma década.
Mas produtores que vendem para outros mercados além dos EUA estão de certa forma protegidos do preço de referência de Nova York, com prêmios de cerca de US$ 400 a tonelada em contratos bilaterais este ano, disse Bavaresco.
Embora a China seja potencialmente o maior prêmio para a Citrosuco, a empresa também está de olho em outros mercados na Ásia e no Oriente Médio para aumentar as vendas, disse Bavaresco.
A empresa também busca se adaptar à crescente demanda por alimentos de baixas calorias. Em parceria com a startup israelense Better Juice, a Citrosuco pretende desenvolver uma tecnologia de enzimas capaz de reduzir até 80% do açúcar no suco de laranja. Em outro projeto, a empresa desenvolveu fibras que podem substituir parte da gordura em hambúrgueres.