Citi sobre bancos brasileiros: Cautelosos com armadilhas de valor; veja quais ações valem a pena
O Citi está mais pessimista com os bancos brasileiros. Segundo os analistas, até agora as instituições fizeram a lição de casa: aumentaram a lucratividade, controlaram os spreads (diferença entre a taxa de juros que o banco cobra nos empréstimos e a taxa que paga para captar recursos) e o apetite ao risco e qualidade dos ativos. Ou seja, disciplina é o que não faltou.
Porém, tudo isso esbarra no cenário macroeconômico do Brasil. Na visão do Citi, há uma combinação desafiadora para o setor, enquanto os bancos já gastaram as suas ‘munições’ para se manterem saudáveis — os spreads estão altos em benefícios de custo de financiamento, o provisionamento caiu, enquanto a eficiência permaneceu consistente em diversificação.
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“A combinação de boa execução geral no passado e uma desaceleração do crédito se traduzem em revisões de lucros potencialmente mornas ao longo de 2025”,
Assim, o banco cortou a recomendação do Banco do Brasil (BBAS3) de compra para neutro, com preço-alvo de R$ 26. Já o Bradesco (BBDC4) permanece em neutralidade (preço-alvo de R$ 14,2), assim como o Santander (SANB11) (preço-alvo de R$ 27). As exceções são Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11), com indicação de compra e preço-alvo de R$ 40 em ambas as ações.
“Dentro dos bancos, nossa principal escolha é o ITUB, devido à sua dinâmica controlada de qualidade de ativos e à capacidade de pagar um forte dividendo nos próximos meses”, diz.
Mais exposto aos mercados de capitais, o BTG também é uma boa pedida, dada, segundo os analistas, a entrega consistente em receitas e entradas de dinheiro líquido consistentes, que continuam se traduzindo em melhorias de ROE (retorno ao patrimônio) com menos sensibilidade à taxa de juros.
Armadilha de valor
No relatório, o Citi também afirma que está cauteloso com as ‘armadilhas de valor’. Isso porque alguns bancos parecem baratos, muito em função dos lucros. Porém, é esperado um ROE menor para o ano que vem, o que justifica o desconto.
“O ciclo de crédito brasileiro mostra crescimento desacelerado, alto endividamento das famílias e renda comprometida, enquanto a correlação histórica com a taxa Selic sugere inadimplências persistentes à frente”, lembra.
Segundo o último Boletim Focus, a expectativa é Selic em 12,63% para o ano que vem. “Vemos melhores perfis de risco/recompensa para ITUB e BPAC, que consistentemente entregaram ROE forte no passado e estão tendendo a níveis semelhantes no futuro”.