Bancos

Citi se mantém positivo com real, mas nota “reticência” de locais na venda de juros

17 set 2021, 12:31 - atualizado em 17 set 2021, 12:31
Na América Latina, o Citi se diz “levemente vendido” em dólar (apostando na queda da moeda) dentro da carteira de bônus da região, e ainda “comprado” (vendo alta) no real e no peso uruguaio (Imagem: REUTERS/Toby Melville)

Estrategistas do Citi mantêm recomendação “overweight” (acima da média) para o real, bem como para moedas de mercados emergentes, citando que no caso brasileiro a comunicação do Banco Central continua “hawkish” (inclinada a mais altas de juros), o que deve seguir como o principal determinante no curto prazo, disseram em relatório.

Em meio a riscos de menor crescimento da economia doméstica em 2022 e inflação mais alta, tendo como pano de fundo externo debate sobre corte de estímulos pelo Fed, os profissionais do Citi avaliam que o principal risco para a taxa de câmbio segue do lado das contas públicas.

Na América Latina, o Citi se diz “levemente vendido” em dólar (apostando na queda da moeda) dentro da carteira de bônus da região, e ainda “comprado” (vendo alta) no real e no peso uruguaio.

Em CEEMEA (Europa, África e Oriente Médio), o banco segue vendo ganhos para rublo russo e rand sul-africano. Na Ásia, as apostas são em yuan chinês e ringgit malaio contra peso filipino e baht tailandês.

“Doar” juros

Em relação ao mercado de renda fixa do Brasil, os estrategistas do Citi dizem ter notado clientes “reticentes” para assumir posições “doadas” de juros –ou seja, que ganham com a queda nas taxas–, com essa postura sendo mais visível entre os locais.

Os motivos vão desde receio antes da leitura do IPCA de setembro à deterioração das expectativas de inflação para 2022, passando pelo temor em torno do nó dos precatórios.

Os profissionais observaram que a queda dos DIs depois da divulgação da carta do presidente Jair Bolsonaro à nação –no último dia 9, que se seguiu a uma péssima reação de investidores a um discurso do presidente no 7 de Setembro– foi predominantemente ditada por redução de posições tomadoras de juros do que por abertura de posições doadoras.

“Por fim, destacamos que o IPCA deve agora atingir o pico em setembro, e não em agosto. Isso empurra um pouco mais para a frente quaisquer janelas para se iniciar posições doadoras em juros com base na lógica que se deve vender taxa quando o IPCA atinge o pico”, disseram os estrategistas no relatório.

O IPCA de agosto veio bem acima do esperado, mostrou a taxa mais alta para o mês desde 2000 e no cálculo de 12 meses ficou perto de dois dígitos. O IPCA de setembro será divulgado em 8 de outubro

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