Citi inicia cobertura de Marcopolo (POMO4) e prevê salto de mais de 30% nas ações
Depois de estrear na carteira teórica do Ibovespa (IBOV), Marcopolo (POMO4) passou a concentrar as atenções dos investidores e analistas entre as ações negociadas na bolsa brasileira.
O Citi, por exemplo, iniciou a cobertura dos papéis com recomendação de compra. O preço-alvo é de R$ 10 — o que representa um potencial de valorização de 31,7% sobre o preço de fechamento da última terça-feira (14).
Em reação, POMO4 engatou o segundo pregão de altas consecutivas nesta quarta-feira (15). As ações encerraram as negociações com alta de 7,64%, a R$ 8,17, nesta quarta-feira (15). Acompanhe o Tempo Real.
Na avaliação do banco, a companhia opera com uma margem resiliente após a racionalização da capacidade com o fechamento de fábricas.
“Vemos o mercado de ônibus da Marcopolo mais atraente hoje do que no passado”, afirma o analista André Mazini, que assina o relatório.
A Marcopolo entrou na carteira teórica do Ibovespa no início de janeiro e deve permanecer no índice pelo menos até abril — quando acontece um novo balanceamento. Desde então, os papéis POMO3 acumulam alta de quase 10%.
Como o Citi vê em Marcopolo
O Citi estima que a fabricante de ônibus tem uma utilização atual da capacidade do Brasil em cerca de 50%, contra 30% há 10 anos — mesmo com a simplificação do negócio com o encerramento de unidades fabris.
“À medida que a utilização da capacidade aumenta, o poder de precificação também deve aumentar. Uma utilização mais alta, juntamente com um foco no preço e não no volume, deve sustentar as altas margens da Marcopolo”, escreve André Mazini.
As operações no exterior também fornecem alguma proteção contra um ambiente macroeconômico volátil no Brasil, segundo o analista. Cerca de 37% das receitas da empresa vêm do mercado externo.
“Vemos a empresa crescendo no exterior, mesmo sem favorecer a alocação de capital no mercado externo, após ter fechado fábricas no Egito e na Índia.”
Mazini também considera que a Marcopolo está mudando o mix de produtos para produtos de margem mais alta, como ônibus rodoviários — que representam cerca de 37% das receitas gerais.
O analista do Citi considera que o resultado financeiro está ”‘protegido” de aumento das taxas. Cerca de 95% da dívida da Marcopolo é de taxa fixa a um custo médio relativamente baixo de 8%.
“A dívida de taxa fixa é uma fonte de força em um cenário de aumento das taxas básicas no Brasil”, destaca.
Além disso, os players chineses não são uma “grande” ameaça competitiva agora, na visão do analista.
Ele afirma que os fabricantes da China “têm virado o mercado brasileiro de veículos leves de cabeça para baixo”, com destaque para a BYD sendo a marca de crescimento mais rápido — mas a marca não conseguiu conquistar um espaço no mercado de ônibus.
“A BYD tentou inicialmente a solução integral (chassis + carroceria), mas a estratégia tinha tração de mercado limitada, resultando em rápida taxa de depreciação para os ônibus em questão”, afirma o analista.
Com o ‘fracasso’, a marca passou a concentrar as atividades apenas em chassis, “sendo um complemento para uma encarroçadora de ônibus como a Marcopolo”.
“Outros rivais chineses, no entanto, como a Higer, vendem ônibus integrais no país e são um concorrente”, escreve Mazini.
Ação está barata?
Mesmo após uma alta de 24% no ano passado e de mais de 205% desde janeiro de 2023, o Citi avalia que há espaço para valorização de mais de 30% nas ações até dezembro de 2025.
Isso porque, nas contas do banco, os papéis estão ‘descontados’ na comparação com o setor. As ações estão sendo negociadas a um múltiplo projetado de preço por lucro (P/L) de 5,5 vezes para o final de 2025, ante a média de 6x P/L do setor — excluindo a Weg.