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Circuit break, coronavírus: o que fazer com as ações de 15 setores da Bolsa agora?

11 mar 2020, 16:43 - atualizado em 11 mar 2020, 16:43
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Olho nas oportunidades: cenário difícil ressalta a qualidade de alguns papéis, segundo a Ágora (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

Enquanto o mercado digere a recente saraivada de más notícias geradas pelo avanço do coronavírus e pela queda da cotação do petróleo, e o circuit break da B3 foi acionado novamente nesta quarta-feira (11), os analistas redesenham seus cenários para 2020.

A Ágora Investimentos debruçou-se sobre os papéis de 15 setores econômicos que acompanha. Assinado por José Francisco Cataldo Ferreira e sua equipe, o relatório afirma que é hora de “buscar as empresas que possuem boa distribuição de dividendos e, principalmente, ativos de bons fundamentos, visando retornos no médio e longo prazo.”

A seleção de ações deve se pautar, daqui por diante, em quatro fatores, segundo a Ágora. O primeiro é a possibilidade de o Copom reduzir ainda mais a taxa básica de juros (Selic), a fim de estimular a economia. Isso beneficiaria empresas que dependem da concessão de crédito.

O segundo é a expectativa de “recuperação gradual” dos lucros da companhias, bem como sua expansão, no médio e longo prazo. Outro elemento é a distribuição de dividendos. A Ágora observa que o dividend yield médio das empresas listadas na Bolsa está acima dos 3%.

Por último, um importante ator ainda está arisco à renda variável: os fundos de investimentos. Segundo a gestora do Bradesco, a Bolsa representa, atualmente, apenas 15% da exposição dos fundos. A média histórica é de 20%.

Veja, a seguir, o que a Ágora espera para 15 setores cobertos por sua equipe de análise.

Bancos

A Ágora mantém a recomendação neutra para as ações de todos os bancos que acompanha. O motivo é que o setor inspira uma “visão cautelosa”, devido ao crescimento da concorrência de fintechs e bancos digitais, e à reprecificação das carteiras de crédito, por causa da queda dos juros.

Petróleo

A recomendação da Petrobras (PETR4) baixou de compra para neutra, devido à guerra comercial entre russos e árabes para dominar o mercado global de petróleo. A Ágora acredita que ainda há espaço para novos cortes na cotação do petróleo, o que a levou a reduzir a projeção para o preço de US$ 65 para US$ 35 neste ano. O resultado é um novo preço-alvo para as preferenciais da Petrobras: R$ 23,50.

Petrobras: melhor não mexer com o papel agora, diz a Ágora (REUTERS/Pilar Olivares)

Construção civil

Novos cortes nos juros beneficiarão, sobretudo, os segmentos de imóveis para as classes média e alta. No mercado de média e alta renda, as preferidas da Ágora são a Helbor (HBOR3) e a Trisul (TRIS3). Já no segmento popular, as favoritas são a Tenda (TEND3) e a Direcional (DIRR3).

Shoppings

A Ágora prefere deixar esse setor de molho, por enquanto. O segmento não emplacou nenhuma top pick na gestora, e a tão esperada aceleração da economia, que puxaria os papéis, parece adiada para o segundo semestre.

Setor elétrico e saneamento

No geral, a Ágora considera as empresas desses setores como bastante resistentes à crise, e com boas perspectivas no médio e longo prazo. Mas, uma avaliação mais detalhada mostra que algumas companhias se destacam mais.

Trata-se das que atuam com transmissão de energia e pagam bons dividendos, por terem receitas pré-estabelecidas e boa previsibilidade de caixa. As que mais agradam a Ágora são Energisa (ENGI11), CPFL (CPFE3), Taesa (TAEE11), Cesp (CESP6), Eletrobras (ELET6) e Sanepar (SAPR11).

Distribuidoras de combustíveis

O petróleo barato deve favorecer as redes de postos de combustível de dois modos, segundo a Ágora. Primeiro, espera-se que as margens melhores.

Segundo, ao repassar parte da queda do petróleo para o preço da gasolina na bomba, o etanol torna-se menos competitivo e as usinas sucroalcooleiras devem se concentrar na produção de açúcar, concentrando ainda mais a oferta dos postos em derivados de petróleo. Tudo somado, a Ágora prefere a BR Distribuidora (BRDT3) à Ultrapar (UGPA3).

Bens de capital

O coronavírus reduziu fortemente a atividade industrial na China, o que prejudica a Weg (WEGE3), Iochpe (MYPK3), Marcopolo (POMO3) e Fras-le (FRAS3), já que essas companhias possuem fábricas por lá.

Já a Randon (RAPT4), dona da Fras-le, segue como a preferida da Ágora neste setor, dada a expectativa de que ganhe mercado no segmento de implementos rodoviários, eleve as vendas de vagões no ano que vem e se beneficie com a recente aquisição da Nakata.

Tecnologia

As empresas postergaram os investimentos na aquisição e atualização de softwares para o segundo semestre, dada a epidemia de coronavírus. Ainda assim, o setor de tecnologia oferece boas perspectivas de longo prazo, e o destaque da Ágora é a Totvs (TOTS3), sua top pick na área.

Totvus: destaque da Ágora para o setor de tecnologia (Imagem: Instagram/Totvs)

A empresa agrada os analistas, pela sua capacidade de entregar resultados e de aliar um núcleo principal de negócios a áreas com sinergias.

Papel e Celulose

Apesar da alta do dólar, que favoreceria as exportações, este é um setor que não empolga a Ágora. Os estoques de papel e celulose seguem elevados em todo o mundo, puxados pelos produtores de papel da Ásia. A gestora está “cautelosa” com esse mercado e enxerga o risco de superprodução até meados do ano.

Mineração e siderurgia

Só compre papéis destes setores, se você tiver paciência para obter retornos de médio e longo prazo. Por ora, a freada da China, devido ao coronavírus, derrubou o consumo de aço e, consequentemente, de minério de ferro.

A Vale (VALE3) continua recomendada pela Ágora, mas apenas para quem sabe esperar pela normalização do mercado.

Consumo e varejo

Trata-se de outro setor para os mais pacientes. Mas, se você quiser aproveitar o momento para ir às compras, a Ágora aconselha buscar companhias “com forte e consistente histórico de execução”, e cita explicitamente a Lojas Renner (LREN3) e a Arezzo (ARZZ3). A primeira, aliás, é apontada como a mais resistente do setor de varejo, entre as empresas cobertas pela Ágora.

Saúde

As menções ficam com a Raia Drogasil (RADL3) e Hypera (HYPER3). Os analistas pontuam que a rede de farmácias possui um “histórico de execução muito bom” e vem sustentando um plano “agressivo” de expansão. Já a Hypera concentra-se, cada vez mais, no setor farmacêutico.

Raia Drogasil
Raia Drogasil: histórico de boa execução de projetos anima a Ágora (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Educação

A primeira recomendação é a Yduqs (YDUQ3), pelo elevado tíquete médio propiciado pela oferta do curso de medicina (que representa 10% de sua receita) e pela compra da controladora do Ibmec. Outra sugestão da Ágora é a Ser Educacional (SEER3), devido à sua forte atuação no mercado de ensino a distância.

Aviação

Os problemas de curto prazo não afastam a confiança da Ágora no potencial da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4). Isto porque, a gestora espera que a redução do ICMS sobre o combustível para aviação, em alguns Estados, e a renovação da frota melhorem a margem operacional das companhias.

Telecomunicações

A Vivo (VIVT3) é apontada pela Ágora para quem busca bons dividendos. Já a TIM (TIMP3) é para quem aposta que a empresa pode comprar a Oi (OIBR3) e liderar a consolidação do setor.

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