Cinco assuntos quentes para o Brasil nesta semana
Os juros futuros reagem na terça-feira à ata do Copom, que deve detalhar a sinalização de continuidade do aperto monetário feita pelo comunicado da reunião que elevou a Selic para 13,25%.
Entrevistas de dirigentes do Banco Central e o IPCA-15 também influenciam as expectativas sobre inflação e juros, enquanto Petrobras (PETR4) sofre pressão política por aumentar combustíveis.
Após volatilidade com decisão do Fed, falas de Jerome Powell no Congresso dos EUA movimentam o mercado global em semana que começa com feriado nos EUA segunda-feira.
Ata, Guillen, Campos Neto
O mercado de juros conta com uma agenda forte, com potencial de influenciar as apostas nas altas das taxas de juros.
O Banco Central divulga na terça-feira a ata do Copom, que sinalizou com o comunicado divulgado na quarta-feira nova alta da Selic entre 0,25 e 0,50 ponto percentual em agosto.
O comunicado trouxe passagens vistas como dovish pelo mercado, como a menção ao IPCA de 2024, cuja projeção está abaixo da meta, e a troca da expressão “na meta” por “ao redor da meta”.
Na quinta-feira, o diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, fará apresentação às 11:00, seguida de entrevista do presidente Roberto Campos Neto.
IPCA-15 e combustível
A divulgação do relatório trimestral de inflação foi adiada do dia 23 para dia 30 de junho por conta da greve dos servidores do BC.
Antes do RTI, no entanto, o quadro inflacionário poderá ser atualizado com a divulgação de parciais de índices de preço como o IPCA-15 de junho, que sai na sexta-feira. Em maio, o índice já teve uma desaceleração importante, para 0,59%, contra 1,73% em abril.
No restante de junho e em julho, no entanto, a inflação deve sofrer pressão adicional com o repasse do reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira. O preço da gasolina subiu 5,2% e o diesel em 14%, no primeiro aumento desde maio.
“Esses ajustes não realinharão totalmente os custos domésticos aos preços internacionais. Isso significa que mais ajustes de preços são possíveis, especialmente se a moeda permanecer sob pressão”, disse Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.
Agenda da semana ainda prevê resultados quadrissemanais do IPC-Fipe e IPC-S.
Petrobras e Congresso
O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que, na segunda feira, convocará uma reunião de líderes para discutir a política de preços da Petrobras.
Ele postou a declaração em sua conta no Twitter após os jornais noticiarem que a estatal iria anunciar aumento de preços nesta sexta-feira. Após o reajuste ser confirmado, Lira disse o governo vai se reunir para discutir os aumentos e que o imposto sobre o lucro da Petrobras pode ser dobrado.
Lira disse ainda que o presidente da empresa deveria renunciar imediatamente. O presidente Bolsonaro já exonerou o atual presidente, José Mauro Coelho, e indicou um novo CEO, mas Coelho não antecipou saída e vem aguardando os trâmites normais da empresa.
Powell e Lagarde
Os mercados reverteram na quinta-feira todo alívio visto na sessão anterior com o fato de o Fed não ter sinalizado manutenção do ritmo de alta 0,75pp.
Nesta sexta, os ativos de risco chegaram a ensaiar o retorno a um desempenho mais positivo, mas a volatilidade prevalece diante do risco de as altas dos juros globais levarem a uma recessão.
Por isso, o mercado deverá monitorar com atenção as duas próximas falas do presidente do Fed, na quarta no Senado e na quinta na Câmara. Outros dirigentes do Fed, como James Bullard, também falam na semana.
Na Europa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, fala duas vezes no dia 20 e, no dia seguinte, sai a ata do Banco do Japão, que tem resistido a aderir ao aperto monetário dos demais países. Feriado nos EUA na segunda-feira tende a reduzir a liquidez.
Empresas
A CVC (CVCB3) pretende levantar recursos para lidar com a retomada do turismo. A companhia define no dia 23 o preço por ação em uma oferta que pode levantar mais de R$ 470 milhões, com base no preço dos papéis em 13 de junho.
São Martinho (SMTO3) e Oi (OIBR3) divulgam resultados trimestrais e a Samarco tem audiência de conciliação com credores sobre seu plano de recuperação no dia 21. A Aneel prorrogou até 21 de junho a vigência das tarifas da Cemig (CMIG3)
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