Cientistas da J&J refutam ideia de que projeto da vacina estaria ligado a coágulos
Cientistas da Johnson & Johnson refutaram nesta sexta-feira uma asserção publicada em um periódico científico importante segundo a qual o projeto de sua vacina contra Covid-19, que é semelhante ao da vacina da AstraZeneca, pode explicar por que ambas foram ligadas a coágulos sanguíneos cerebrais muito raros em algumas pessoas que as receberam.
No início desta semana, os Estados Unidos suspenderam a distribuição da vacina da J&J para investigar seis casos de um coágulo sanguíneo cerebral raro conhecido como trombose venosa cerebral (TVC), acompanhado por uma contagem baixa de plaquetas, em mulheres norte-americanas de menos de 50 anos entre cerca de sete milhões de pessoas imunizadas com a vacina.
Os coágulos sanguíneos em pacientes que receberam a vacina da J&J têm grande semelhança com os 169 casos europeus relatados de uso da vacina da AstraZeneca entre as 34 milhões de doses administradas no continente.
As duas vacinas se baseiam em uma tecnologia nova que usa uma versão modificada dos adenovírus, que causam a gripe comum, como vetores para levar instruções às células humanas. Vários cientistas apontam que o problema pode ser um “efeito de classe” ligado a este tipo de vacina.
Em uma carta enviada nesta sexta-feira ao New England Journal of Medicine, cientistas da J&J refutaram um relatório de caso publicado no começo da semana por Kate Lynn-Muir e colegas da Universidade do Nebraska que afirmou que os coágulos sanguíneos raros “podem estar relacionados com vacinas de vetor adenoviral”.
Na correspondência, Macaya Douoguih, cientista da divisão de vacinas Janssen, da J&J, e colegas apontaram que os vetores usados na vacina da empresa e os da AstraZeneca são “substancialmente diferentes” e que essas diferenças podem levar a “efeitos biológicos bastante diferentes”.