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Lucro não é o foco da Cielo em 2020, diz CEO

30 out 2019, 13:55 - atualizado em 30 out 2019, 14:23
O lucro da Cielo caiu à metade no terceiro trimestre e veio abaixo das previsões de analistas consultados pela Refinitiv (Imagem: Facebook  Cielo)

O presidente-executivo da Cielo (CIEL3), Paulo Caffarelli, defendeu nesta quarta-feira sua estratégia de proteção de participação de mercado, afirmando que os resultados vão começar a aparecer “de forma mais estruturada em 2020”, embora tenha evitado prometer que isso significará uma inversão da trajetória de queda do lucro.

“Alguns números já mostram que nossa estratégia é correta, já estão começando a aparecer”, disse Caffarelli a jornalistas nesta quarta-feira, mencionando dados como o ganho de participação no mercado de adquirência pelo terceiro trimestre seguido, no período de julho a setembro. “Não dá pra garantir que teremos aumento do lucro em 2020, vai depender da dinâmica do mercado.”

“Adquirência é um mercado para gente grande e estamos defendendo nossa condição de líder”, acrescentou o executivo, estimando que a Cielo chegou a 42% de participação em setembro.

As declarações contrastam com a reação pessimista do mercado a uma nova safra de resultados da companhia que mostraram o prolongamento do mix de queda da receita líquida e aumento das despesas, o que fazia a ação da Cielo cair mais de 5% na B3, às 12h52, liderando as baixas do Ibovespa.

O lucro da Cielo caiu à metade no terceiro trimestre e veio abaixo das previsões de analistas consultados pela Refinitiv. O balanço divulgado na noite da véspera também apontou queda da receita líquida, embora os volumes de transações tenham crescido, mostrando a tendência continuada de queda das margens.

Para Caffarelli, o aumento das despesas com contratação de pessoal e campanhas promocionais para captação de clientes de menor porte, estão gradualmente mudando o foco da Cielo para segmentos que proporcionam melhores margens.

Atualmente, cerca de 67% das receitas da Cielo são oriundas de grandes contas, enquanto os 33% restantes provêm de clientes com faturamento de até 15 milhões de reais por ano

Atualmente, cerca de 67% das receitas da Cielo são oriundas de grandes contas, enquanto os 33% restantes provêm de clientes com faturamento de até 15 milhões de reais por ano. Esse é o público preferencial de rivais como PagSeguro e Stone, que têm pressionado fortemente as margens do setor.

Em relatório, o BTG Pactual afirmou que os executivos da Cielo estão “fazendo um ótimo trabalho e tentando ganhar algum tempo, na esperança que uma solução apareça…”.

Segundo Caffarelli, a Cielo está preparada para enfrentar um cenário de margens mais comprimidas, que pode levar a uma consolidação mais adiante, no qual ter uma participação de mercado robusta fará a diferença.

“A Cielo vai avaliar eventuais chances de consolidação”, afirmou Caffarelli, sem dar detalhes. O executivo, no entanto, negou que haja conversas para eventual fusão com a Stone. Em outra frente, negou que haja planos dos atuais sócios, Bradesco e Banco do Brasil, para vender o negócio.

“A Cielo não está à venda”, disse ele.

Por fim, Caffarelli afirmou que a Cielo foi classificada para a segunda fase da concorrência da Caixa Econômica Federal para formação de uma joint venture em adquirência. Esta fase exige que os competidores apresentem proposta vinculante.