Cielo não vai virar a página com a estrutura societária que tem
O cenário permanece desafiador para a Cielo (CIEL3), principalmente considerando os impactos do coronavírus nas vendas do varejo ao longo das últimas semanas.
Durante uma videoconferência organizada pelo BTG Pactual (BPAC11), o Diretor de Relações com Investidores da companhia, Jean Leroy, teria dito que espera uma queda das receitas em 2020 devido à crise e que a Cielo está monitorando a alavancagem.
O Diretor de Inteligência Gabriel Mariotto afirmou que o desempenho do setor varejista caiu 22% no geral desde que a crise da covid-19 começou. Nas primeiras três semanas de março, as vendas apresentaram queda de 7,7%. Na última semana de março, o percentual negativo foi de 52%, enquanto o volume nos dois primeiros dias de abril retraiu 44%.
A potencial queda das receitas da Cielo, no entanto, não surpreende o mercado. A empresa já esperava crescer menos do que as outras companhias de cartões de crédito e débito antes mesmo da chegada da doença no Brasil. O objetivo da Cielo agora é focar mais em pequenas e médios negócios e potencialmente perder participação de mercado em clientes de maior porte que não dão lucro, além de cortar os custos e as despesas com marketing.
Os analistas Eduardo Rosman e Thomas Peredo continuam vendo dificuldade no sucesso da Cielo com a estrutura societária que possui atualmente. O nível de incerteza apenas aumenta com o cenário atual. O banco não sabe se a crise vai acelerar ou adiar as soluções que resolveriam a estrutura societária da companhia.
A recomendação para o papel é neutra, com preço-alvo em 12 meses de R$ 6,50.
Em nota enviada ao Money Times, a Cielo afirma que Mariotto nega ter dito, durante videoconferência organizada pelo BTG, que espera quedas de receita da Cielo em 2020.
Matéria atualizada em 8/4/2020, às 8h03, para correção de informações.