Cielo já foi muito penalizada e queda abre espaço para alta de 52%
A Cielo (CIEL3) é o típico caso da gigante que dominava o mercado e não dava bola para as concorrentes. De repente, ela perdeu 90% do seu valor de mercado.
A primeira entrante foi a PagSeguro (PAGS; PAGS34), que por capturar clientes na base da pirâmide (microempresários) que nunca antes haviam usado maquininhas de cartão, fomentaram um novo mercado e portanto não incomodaram as incumbentes por muito tempo.
Depois veio a Stone (STNE) que, com seus hubs (polos) de vendas, se espalhou pelo Brasil “com cultura forte, tecnologia ágil e melhor qualidade percebida pelo cliente, possibilitando que a nova entrante dominasse o lucrativo meio da pirâmide”, aponta a Genial Investimentos em relatório de início de cobertura da empresa.
E para piorar, agora o Santander (SANB11), com sua GetNet e 16% do mercado, se prepara para entrar com tudo.
“No segundo trimestre, a Cielo registrou seu primeiro prejuízo em decorrência da pandemia, competição acirrada, commoditização de serviços, guerra de preços, baixa penetração de produtos de crédito, menor eficiência de custos, e pior qualidade percebida pelos clientes”, apontam os analistas Eduardo Nishio, Bruno Bandiera e Guilherme Vianna.
Mas para a equipe, a companhia já caiu demais e é hora de voltar a comprar. A Genial estabeleceu em R$ 3,5 o preço-alvo, potencial de alta de 52% ante o fechamento desta quinta-feira. Na sessão, os papéis caíram 4,5%, alcançado o seu piso histórico.
“A Cielo não é a nossa preferida no setor e também não estamos advogando colocar todas as fichas em uma aposta só. A empresa já perdeu a ambição de ser uma companhia de tecnologia de ponta em meios de pagamentos, mas ela está bem barata, os fundamentos estão melhorando e do ponto de vista dos controladores, achamos que algo poderia ser feito para destravar valor”, argumentam.
Os analistas calculam que a empresa negocia com um valuation atrativo de 4,72 x o preço sobre lucro (P/L) para 2022, o que chamará a atenção dos investidores e, possivelmente, dos controladores, que culminaria com o fechamento de capital da Cielo.
Do chão não passa
Segundo os especialistas, depois de vivenciar maus momentos, a empresa guarda alguns gatilhos que podem dar um gás para a ação.
Dentre eles está a venda da Merchant-e, eventual fechamento de capital, aumento de clientes no meio da pirâmide e sucesso em produtos de crédito.
“Além disso, na nossa visão, a retomada econômica decorrente da maior vacinação deve auxiliar na recuperação dos volumes transacionados e consequentemente receitas e margens”, dizem.
Eles esperam que as receitas cresçam 2,8% em 2021 e 4% em 2022, com avanço do lucro de 95% e 9,75% nos respectivos anos.