Cielo: economia fraca piora tudo; fique longe do setor, alerta Ágora
Definitivamente, a Cielo (CIEL3) não vive um bom momento, com queda de 45% das ações no ano. Se olharmos um período mais longo, o tombo é ainda mais assustador: 91% nos últimos cinco anos.
A empresa sofreu duramente com a concorrência acirrada de novas maquininhas que entraram no mercado sem pedir licença, explorando novos modelos de negócios e sem taxas.
Apesar da ligeira melhora nos resultados do terceiro trimestre, a Ágora aponta um novo problema para a dona de maquininhas de pagamentos: a economia mais fraca.
Segundo os analistas Otavio Tanganelli e José Cataldo, a elevação das taxas de juros elevam os custos de financiamento da companhia.
“Nossa nova estimativa de lucro para 2022 nos coloca 7% abaixo do consenso para Cielo”, argumentam.
Além disso, eles afirmam que o cenário de lucratividade parece desafiador e o fraco impulso de ganhos deve continuar a pesar sobre o desempenho das ações em 2022. “No geral, recomendamos evitar a exposição ao setor”, completam.
2022 difícil
Para o ano que vem, os analistas preveem que o crescimento da indústria de cartões (estimativa do BBI é de 15-20% em 2022) sustentará tendências positivas de receita. Apesar disso, eles afirmam que isso não é o suficiente para compensar os ventos contrários.
“Acreditamos que o mercado não incorporou um cenário mais desafiador para os ganhos em 2022, e os riscos estão aparentemente inclinados para o lado negativo”, dizem.
Na visão da dupla, os lucros fracos continuarão penalizando as ações. A Ágora cortou em 7% a estimativa de lucro em 2022, para R$ 827 milhões, devido à maiores custos de financiamento.
O preço-alvo foi reduzido de R$ 3,9 para R$ 3, o que implica potencial de 37% sobre o último fechamento. A recomendação é neutra.
“Embora a avaliação pareça atraente, acreditamos que o mercado pode exigir melhorias operacionais mais fortes, especialmente em suas operações no exterior, a fim de se tornar mais confiante em alcançar um ponto de virada na lucratividade”, finalizam.
Stone entra no balaio
E não é só a Cielo que está apanhando do mercado. A Stone (STNE) viu sua ação derreter 30% em um único dia após divulgar seus resultados.
A empresa de meios de pagamento teve lucro líquido ajustado de R$ 132,7 no terceiro trimestre, uma queda de 53,9% sobre o resultado de um ano antes.
Analistas, em média esperavam lucro líquido de R$ 193 milhões para a Stone no período, segundo os dados da Refinitiv, da Reuters.