Cielo continua a perder a longa batalha das maquininhas
O balanço da Cielo (CIEL3) do primeiro trimestre continuou a mostrar uma tendência de queda para a empresa, destacam analistas. O lucro líquido totalizou R$ 932 milhões, com margem de 33,5%, representando queda de 7% e 2,3 pontos percentuais frente ao visto um ano antes. O resultado operacional (Ebitda) no período foi de R$1,242 bilhões com margem de 44,6%, representando, respectivamente, uma redução de 6,0% e 2,6 p.p. frente ao mesmo período de 2017.
“A Cielo publicou números abaixo do esperado, apesar de uma melhora em algumas tendências operacionais”, explica o Itaú BBA. O lucro ficou 3% abaixo da estimativa do banco. “Nossos analistas setoriais não descartam uma reação negativa do mercado hoje”, pontua um relatório enviado a clientes nesta manhã.
“Considerando que acreditamos que os resultados fracos foram amplamente esperados pelo mercado e não foram refletidos com precisão nas previsões de consenso, acreditamos que eles ainda ficaram um pouco aquém da maioria das expectativas e evidenciam os desafios de crescimento de receita da Cielo”, aponta o Credit Suisse, em um relatório que corta o preço-alvo para a Cielo de R$ 24 para R$ 20. A recomendação é neutra.
Receita
A receita operacional líquida totalizou R$ 2,784 bilhões, recuando 0,6% frente ao ano anterior. A queda é, basicamente, explicada pelo aumento dos impostos sobre a receita decorrente da mudança do ISS e da contração registrada na receita de aluguel, reflexo da queda vista no parque de terminais, bem como pelo efeito de mix de clientes e fraca recuperação do mix de produtos, explica a empresa.
“Os resultados do primeiro trimestre e os inúmeros desafios enfrentados pela Cielo em termos de concorrência e uma indústria de pagamentos em mudança significam que vemos os riscos negativos para os nossos números. Apesar da recente baixa das ações, ficaríamos à margem, daí a nossa classificação Neutra”, ressalta o BTG Pactual.
“A receita líquida consolidada ficou 2% abaixo da projeção conservadora dos nossos analistas. A principal surpresa foi o aumento do ISS, que entrou em vigor em janeiro – estávamos contabilizando um aumento, mas acabou superando nossa expectativa”, diz o BBA. Na frente operacional, os volumes vieram um pouco abaixo da otimista previsão do banco, subindo 6% na comparação anual.
Terminais
O número de terminais POS também decepcionou, registrando o nono declínio sequencial. Do lado positivo, o rendimento da receita da Cielo melhorou 4 pontos-base sequencialmente, para 1,06%, provavelmente implicando uma melhora sequencial nos preços. “Finalmente, as receitas acumuladas pela Cateno e Me-S também ficaram um pouco abaixo da nossa previsão”, encerra o BBA.
“Esses resultados confirmam nossa tese de que um ambiente competitivo agressivo deve continuar a pesar na receita da Cielo, corroborando, portanto, com nossa recomendação neutra e o preço-alvo de R$ 27”, opina o Bradesco.