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Cielo compra própria “moderninha” e entra no ringue contra PagSeguro

19 jan 2018, 6:59 - atualizado em 19 jan 2018, 9:25
Na tentativa de não perder os próprios clientes, a Cielo usará a marca Stelo para entrar no mercado dominado pela PagSeguro

A Cielo (CIEL3) irá entrar de cabeça na guerra das maquininhas com a compra de 100% da Stelo anunciada na noite de quinta-feira (18) por R$ 87,5 milhões.  A aquisição da empresa, antes do Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), abre caminho para uma nova estratégia comercial que busca enfrentar o forte crescimento das “moderninhas” da PagSeguro, do UOL.

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A Stelo, que até a metade do ano passado era uma plataforma online para o e-commerce (similar ao PayPal), começou uma estratégia de vendas de “maquininhas” para os comerciantes. Ou seja, é uma nova seara para a gigante de meios de pagamentos, que trabalha principalmente com o modelo de aluguel. A decisão vem apenas uma semana antes do IPO da concorrente em NY, que pode girar em torno de R$ 6 bilhões.

“A venda de terminais parece ser a melhor estratégia para atingir pequenos comerciantes e autônomos, (potenciais) clientes que anteriormente não aceitavam cartões ou pagamentos eletrônicos”, ressaltam os analistas do BTG Pactual Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis. Eles lembram que, segundo o Sebrae, 55% das pequenas e médias empresas consideram a ausência de aluguel como um fator crucial na escolha de sua “maquininha”.

IPO da PagSeguro pode girar R$ 6 bi em NY na semana que vem

“Embora marginal, vemos esse anúncio como positivo, dado que reduz a percepção de um potencial conflito de interesses entre a Cielo e outros acionistas da Stelo. Além disso, pode acelerar o crescimento da Cielo no setor de pequenos comerciantes”, opina o analista Rafael Frade da Bradesco Corretora.

“A ideia de explorar um mercado com amplo número de comerciantes que até então não possuíam acesso aos terminais POS é vista com bons olhos”, afirma o Itaú BBA em uma análise enviada a clientes.

Com os números da PagSeguro disponíveis publicamente, graças ao processo de abertura de capital, o sucesso da estratégia da empresa ficou mais evidente para todo o mercado.

Antes tarde do que nunca

Com um volume de transações de R$ 38,5 bilhões em 2017, o que representa um crescimento de 173% ano a ano e 6% da Cielo, a empresa poderá ter um lucro líquido de aproximadamente R$ 470 milhões. É um avanço expressivo de 268% e que corresponde a 12% do lucro estimado para a Cielo no mesmo período.

“Com números tão fortes, este é claramente um mercado onde a Cielo quer um pedaço maior da torta”, avalia o BTG Pactual. Os analistas argumentam que a Cielo pode ter demorado muito tempo para prestar atenção ao segmento dominado agora pela PagSeguro ao temer a canibalização de seu próprio mercado.

“Uma vez que o passado não pode ser alterado, recebemos o movimento da Cielo já que a Stelo, como uma marca diferente, reduz o risco de canibalizar suas taxas de aluguel, pelo menos por enquanto”, concluem. O banco recomenda a compra das ações com um preço-alvo de R$ 27,50.