Cielo (CIEL3) apresenta resultado acima do esperado, mas tem desafios pela frente
A Cielo (CIEL3) divulgou na noite de quarta-feira (2) os resultados do quarto trimestre de 2021. A companhia obteve um lucro líquido de R$ 337 milhões, um aumento de quase 60% em relação ao trimestre anterior e de 13% na comparação com os últimos três meses de 2020, de acordo com os dados.
Na base recorrente, o resultado foi de R$ 300,2 milhões. A receita operacional líquida da companhia avançou tanto no comparativo trimestral quanto no anual, tendo atingido R$ 3,1 bilhões.
Para a Genial Investimentos, o valor superou as expectativas do mercado. Ainda assim, o resultado indicaria “pouca evolução” em relação ao mesmo período de 2020.
Os principais detratores do lucro, segundo a instituição, foram a continuidade do prejuízo da Merchant-e, a pressão nas despesas de pessoal e o resultado financeiro impactado pela alta da Selic.
O volume de cartão de débito também não evoluiu, permanecendo estagnado em R$ 86 bilhões, provavelmente por impacto do Pix.
Análise do Otavio Tanganelli, do Bradesco BBI, e José Cataldo, da Ágora Investimentos, destaca que o bom controle de custos impulsionaram os resultados acima do esperado, mas que a empresa ainda tem uma série de desafios pela frente.
“Acreditamos que o mercado considerará os resultados marginalmente positivos, especialmente considerando que a ação está sendo negociada a múltiplos baratos de 7,6x P/L 2022”, dizem.
Os papéis da empresa cediam 0,06%, a R$ 2,26, no início da tarde desta quinta, atenuando perdas do início do pregão.
Desafios
Luis Azevedo e Silvio Dória, do Banco Safra, também destacam como positivo o lucro acima do esperado, o que confirma uma trajetória de recuperação da empresa, na avaliação da dupla.
No entanto, os analistas também ponderam sobre os yields, que ainda estão relativamente pressionados. Para o banco, a rentabilidade pode se estabilizar a partir de agora, pois não deve sofrer contratempos de alíquotas de ISS mais altas, o que indicaria números melhores pela frente.
O Safra manteve o rating neutro para CIEL3, e um preço-alvo de R$ 3,00 por ação.
Análise de Henrique Tomaz, CFA do BB Investimentos, diz que o resultado “pode significar uma virada na trajetória da companhia para um crescimento mais pujante”.
Contudo, também destaca negativamente alguns dados operacionais, que são fundamentais para que a empresa atinja o ponto de inflexão, como a base de clientes ativos e o yield2 da receita.
“Ainda que nosso cenário base para a Cielo aponte para um potencial de valorização significativo (+50% até o final do ano) mantemos nossa visão de que a companhia precisa demonstrar resiliência e consistência em seus dados operacionais para que reavaliemos nossas premissas e recomendação. Até lá, manteremos nossa recomendação neutra com preço-alvo em R$ 3,50 para o final de 2022”.