Cielo (CIEL3): Ações sobem, após OPA do BB (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), mas analistas veem futuro difícil
O fechamento de capital da Cielo (CIEL3) foi bem recebido pelo mercado, a julgar pela forte alta das suas ações nesta terça-feira (6). Por volta das 12h30, os papéis subiam 3,78%, para R$ 5,22.
Trata-se da resposta dos investidores e analistas à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) ontem, cujo objetivo é adquirir todas as ações da Cielo em circulação no mercado e cancelar sua listagem na Bolsa brasileira.
Para os analistas da XP investimentos, Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, a OPA é positiva para a empresa de meios de pagamento.
Segundo a XP, sair da Bolsa permitirá mais flexibilidade na tomada de decisão, sem acionistas minoritários, além da redução da necessidade de lucro como companhia fechada e uma redução do nível de disclosure com a deslistagem e consequente acesso pelos concorrentes.
Mas nem tudo será fácil para a Cielo, daqui para a frente. Eduardo Nishio, Wagner Biondo e Felipe Oller, da Genial, afirmam que “o cenário à frente ainda é nebuloso em termos de competição e guerra de preços”.
A corretora reiterou sua recomendação de manutenção para as ações, ajustando o preço-alvo para R$ 5,20. Além disso, a Genial não acredita que haverá supervalorização além do preço da oferta.
“Do ponto de vista dos negócios, acreditamos que para o BB, Bradesco e Cielo, o fechamento de capital faz sentido. O cenário de adquirência passou por mudanças significativas e a perspectiva de um negócio consistentemente rentável é baixa”, afirmaram os analistas.
Também, Daniel Vaz, Silvio Dória e Gabriel Pucci, analistas do Banco Safra, enxergam um ano de 2024 complicado para a Cielo, com riscos causados pelo cenário extremamente competitivo, apesar dos resultados melhores do que o esperado.
Cielo (CIEL3): O que se sabe sobre a OPA do Bradesco e do Banco do Brasil
Atualmente, o Bradesco detém 30,06% das ações, BB 28,65%, e 40,57% estão em circulação no mercado (free float). A proposta visa elevar a participação do Bradesco para 49,99% do capital da Cielo, e de 50,01% pelo Banco do Brasil.
Com a OPA, o capital da empresa será fechado e o preço ofertado por ação será de R$ 5,35, 6,4% acima do fechamento do papel, ajustado por proventos, como o Juros sobre Capital Próprio (JCP) e dividendos.
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O movimento ainda depende da aprovação de sócios minoritários na B3. A Cielo não é a primeira empresa a seguir esse caminho. Em 2012, a Rede foi retirada da Bolsa pelo Itaú, já em 2022 foi a vez da GetNet, após uma decisão do Santander Espanha, que controla a empresa através da subsidiária PagoNxt.
Com a OPA, a Cielo teria uma conversão de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), saindo da categoria “A” para a “B”, ou seja, é uma companhia cujos valores mobiliários negociados não são ações ou equivalentes.
Outra questão que é discutida é o papel da Cateno, joint venture criada entre BB e Cielo, e a recompra da participação pelo próprio Banco do Brasil.
No ano passado, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, ante R$ 560 milhões em 2021.
Cielo apresenta lucro de R$ 480,8 milhões no 4T23
O quarto trimestre de 2023 (4T23) trouxe números positivos para a empresa. A Cielo teve um lucro líquido recorrente de R$ 480,8 milhões, 5,3% maior que o terceiro trimestre de 2023.
No ano passado, o lucro líquido recorrente foi de R$ 1,864 bilhão, o maior resultado desde 2018.
O Ebitda (lucro antes de juros, tributos, depreciação e amortização) chegou a R$ 999,6 milhões, em uma alta de 9,3%.