Internacional

Cidades chinesas têm imóveis tão caros quanto os de Londres

05 set 2019, 15:54 - atualizado em 05 set 2019, 15:59
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Embora seja uma ótima notícia para especuladores, a mudança aumenta a preocupação com a classe média com maior nível de escolaridade da China (Imagem: Bloomberg)

Londres, Seattle, Manchester e… Xiamen.

Alguns dos mercados imobiliários mais caros do mundo não estão onde você imagina. Quatro anos de expansão do setor na China transformaram uma série de cidades pouco conhecidas em ouro imobiliário.

Embora seja uma ótima notícia para especuladores, a mudança aumenta a preocupação com a classe média com maior nível de escolaridade da China, que pode estar sendo rapidamente excluída das chamadas cidades de segundo nível. Essa tendência também pode interferir no objetivo de Pequim de fazer com que essas cidades possam abrigar os milhões que se deslocam das áreas rurais. Outro risco é o peso sobre os orçamentos familiares: a relação dívida/renda familiar média na China subiu para um recorde de 92% no ano passado em relação a apenas 30% há uma década.

“Uma bolha imobiliária está se formando em muitos lugares da China”, disse Chen Gong, pesquisador-chefe do think-tank estratégico independente Anbound Consulting. “Os preços estão começando a parecer anormais quando comparados à renda dos residentes.”

Vincent Fan é um bom exemplo. O engenheiro de tecnologia da informação, de 26 anos, diz que a falta de moradias populares o obriga a considerar se mudar de Xiamen, a cidade que ele chama de casa há oito anos depois de se mudar da província de Shaanxi para estudar. Os preços dos imóveis – que em Xiamen mais que triplicaram na última década – agora são cerca de 40 vezes seu salário, diz.

“Estou sendo pago como se estivesse em uma cidade pequena, mas quando procuro uma casa para comprar, o preço é o mesmo que em uma metrópole”, disse. “É simplesmente impossível.”

China
Cerca de 90 milhões de pessoas se mudaram das áreas rurais desde 2012, incentivadas por melhores perspectivas de emprego (Imagem: Bloomberg)

Um apartamento de 92 metros quadrados no centro de Xiamen, uma cidade portuária na costa sudeste da China, é quase tão caro quanto uma casa de preço médio em Londres, embora os salários locais representem um quarto do que é pago na capital do Reino Unido. Em Hangzhou, sede do gigante da tecnologia Alibaba, os preços agora rivalizam com Seattle, onde está a sede da Amazon.com.

Obsessão nacional

A valorização dos imóveis nessas cidades é resultado de uma confluência de urbanização e promessa de ganhos rápidos de capital.

Cerca de 90 milhões de pessoas se mudaram das áreas rurais desde 2012, incentivadas por melhores perspectivas de emprego e políticas destinadas a proporcionar aos trabalhadores migrantes um bem-estar social mais semelhante ao dos habitantes das cidades. Alguns governos locais, por exemplo, facilitaram o acesso a escolas e hospitais, privilégios tradicionalmente usufruídos por moradores nascidos nessas cidades.

Possuir uma ou várias propriedades, entretanto, é uma obsessão nacional na China, depois que os vertiginosos aumentos dos preços nos primeiros anos desta década enriqueceram centenas de milhares de pessoas, pelo menos no papel. Essa mentalidade significa que, literalmente, milhões de apartamentos em todo o país estão vazios enquanto seus proprietários esperam que os preços subam.

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