Cidade subterrânea de Toronto tem futuro incerto na era Covid
Para se ter uma ideia da longa recuperação esperada no distrito financeiro de Toronto, é só dar um passeio pelas amplas vias subterrâneas que conectam os arranha-céus da cidade.
O Covid-19 transformou a praça de alimentação do complexo de escritórios Brookfield Place em cidade fantasma. Cadeiras com mesas vazias, escadas rolantes sem usuários e o ruído do salto alto de uma mulher é tudo o que se pode ouvir no que normalmente é uma cacofonia.
“É deprimente”, disse Ani, dono da franquia Subway, que não quis informar o sobrenome. Apenas um cliente apareceu nos primeiros 15 minutos da hora do almoço recentemente em um dia de semana. “Sinto-me terrível como todo mundo. Sinto falta dos negócios. Sinto falta dos clientes.”
Nos anos que antecederam a era Covid, cerca de 250 mil pessoas transitariam por dia pela cidade subterrânea, ou PATH, para fazer compras ou ir a restaurantes nos mais de 30 quilômetros de corredores e praças subterrâneas que serpenteiam o segundo maior distrito financeiro da América do Norte. Mas, à medida que bancos esboçam planos para um possível retorno aos escritórios, o futuro parece muito mais sombrio para a rede subterrânea.
Fórmula ruim
O problema enfrentado pelo PATH é uma versão aguda do que está por vir em todos os polos comerciais que prosperam com a concentração de atividades. O que antes era um ponto forte para os comerciantes de lojas físicas – estar no coração de uma área onde centenas de milhares de pessoas trabalham e fazem compras – se tornou ponto fraco.
Não está claro com que rapidez trabalhadores retornarão aos arranha-céus. Na sexta-feira, o prefeito de Toronto, John Tory, anunciou que duas dezenas de grandes empregadores concordaram em manter a maioria dos funcionários do centro financeiro em casa pelo menos até setembro.
Mas, mesmo quando voltarem para o centro financeiro conhecido como Bay Street – o equivalente de Wall Street em Toronto -, o PATH enfrenta os desafios extras da era Covid, com corredores relativamente estreitos, pontos propensos a congestionamento de pedestres e pouco acesso a ar fresco.