Internacional

Cidadãos globais apoiam gastos públicos para financiar crise do coronavírus

02 jan 2021, 13:05 - atualizado em 02 jan 2021, 11:02
Coronavírus
Governos no mundo todo já assumiram centenas de bilhões de dólares em dívidas para aliviar o impacto econômico do vírus (Imagem: Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC)

Pessoas ao redor do mundo querem que os governos gastem mais para ajudar as economias a sobreviver ao coronavírus enquanto avaliam a perspectiva sombria das próprias finanças no próximo ano.

É o que revela uma pesquisa global realizada pelo YouGov que lança dúvidas sobre as expectativas de uma recuperação impulsionada pelo consumo em 2021.

A pesquisa, com mais de 22 mil pessoas e compartilhada exclusivamente com a Bloomberg, sinaliza que as famílias vão cortar gastos com entretenimento, roupas e alimentos no próximo ano, antecipando custos de vida mais elevados e rendimentos mais baixos.

Com esse pano de fundo pessimista, os resultados sugerem que os consumidores ainda não estão preocupados com os custos crescentes de uma crise que pode exigir ainda mais expansão fiscal em 2021. Governos no mundo todo já assumiram centenas de bilhões de dólares em dívidas para aliviar o impacto econômico do vírus.

A pesquisa, realizada entre 13 de novembro e 1º de dezembro, mostra um claro apoio a esses financiamentos. Entrevistados em 12 dos 15 países são a favor do aumento da dívida para ajudar a impulsionar os gastos fiscais. Apenas cidadãos da Polônia e do México se opõem à medida.

No geral, 50% apoiam a abordagem, em comparação com 31% que defendem manter as dívidas nacionais sob controle. No Reino Unido, onde um debate político já está em andamento sobre a necessidade de limitar os financiamentos, a margem foi ainda maior: de 57% contra 25%.

Globalmente, consumidores parecem preparados para apertar ainda mais os cintos (Imagem: Reuters/Yuya Shino)

Essa preferência pela generosidade do governo reflete a preocupação das pessoas com as próprias finanças. Quando perguntados o que fariam com uma quantia extra equivalente à renda de um mês, apenas 14% disseram que gastariam, enquanto 59% afirmaram que economizariam ou pagariam dívidas.

Entre os países do G-7, consumidores dos EUA estavam menos dispostos a gastar. O menor resultado foi no México, onde apenas 3% disseram que gastariam.

Globalmente, consumidores parecem preparados para apertar ainda mais os cintos: apenas 18% das pessoas disseram que não esperavam cortar gastos no próximo ano. Entretenimento e vestuário são as áreas de maior risco, enquanto custos com moradia e pensões foram os itens com menor probabilidade de sofrer redução.

Esse provável corte de gastos reflete o pessimismo de consumidores sobre sua condição financeira. Dois terços dos entrevistados esperam que o custo de vida aumente como resultado da crise, enquanto as pessoas são quase quatro vezes mais propensas a dizer que isso reduziu a renda familiar em vez de aumentá-la.