Economia

Ciclo interrompido? Corte na Selic na reunião da próxima semana ‘sobe no telhado’, vê Santander

13 jun 2024, 8:22 - atualizado em 13 jun 2024, 9:20
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Santander eleva aposta para a taxa Selic a 10% ao final de 2024 (Imagem: Divulgação/Banco Central)

O mercado está cada vez mais pessimista em relação a continuidade do ciclo de afrouxamento da política monetária no Brasil. Esta semana, o Itaú já amargou as projeções para a Selic e, agora, chegou a vez do Santander.

O banco elevou sua aposta para a taxa básica de juros a 10% ao final de 2024. Antes, a expectativa era de 9,75% ao ano.

A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por uma manutenção dos juros na próxima reunião, que acontece entre 18 e 19 de junho. “Ciclo interrompido”, diz.

Os cortes devem voltar só nos dois últimos encontros do ano, sendo de 0,25 ponto percentual (p.p.) cada. Segundo a equipe de macroeconomia do banco, a justificativa para a possível volta da flexibilização no Brasil é quádrupla:

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  • o ciclo de flexibilização nos Estados Unidos deve começar ainda no quatro trimestre de 2024 (4T24);
  • a atual dinâmica da inflação deve continuar benigna até o final do ano;
  • as expectativas de inflação não deve se deteriorar mais; e
  • a atividade deve retornar à tendência de desaceleração no segundo trimestre (2T24), dado o menor impulso fiscal.

Cenário macroeconômico não colabora para cortes na Selic

Vescovi e a equipe de macroeconomia do Santander destacam que, na reunião passada, o Copom migrou oficialmente seu tom para maior preocupação com as expectativas de inflação.

“O Comitê mudou a sua opinião sobre as expectativas de ‘parcialmente ancoradas’ para ‘não ancoradas’. Apesar da nossa convicção de que não deverá ocorrer qualquer deterioração adicional, as expectativas no horizonte político pioraram de -3,65% para -3,80% desde a última reunião”, ressaltam.

Além disso, eles destacam que, seguindo o impulso, as expectativas sobre o horizonte político também deterioraram. “Todas as principais variáveis ​​que servem de insumo às projeções de inflação do Banco Central pioraram desde o último encontro”, afirmam.

“A inflação atual, as expectativas fiscais e os preços das matérias-primas pioram marginalmente quando se trata de contribuição para as projeções de inflação”, dizem ao destacar que a principal variação veio da taxa de câmbio, que desvalorizou de US$ 5,10 para US$ 5,35.

O Santander espera que as projeções de inflação do Banco Central para 2024 e 2025 sejam atualizadas para 4,0% e 3,4% — de 3,8% e 3,3%.