Agronegócio

Chuvas de dezembro serão decisivas para safra recorde de soja em MT, diz Imea

16 dez 2020, 20:00 - atualizado em 16 dez 2020, 20:00
Soja
O que podemos dizer até agora é que as chuvas voltaram e os produtores estão mais tranquilos (Imagem: REUTERS/Jonathan Barrett)

Após um período de seca no início da safra de soja 2020/21, as chuvas retornaram para Mato Grosso e o fluxo das precipitações até o final do mês será determinante para que o principal Estado produtor da oleaginosa no país mantenha a expectativa de recorde na produção, disse o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) nesta quarta-feira.

Até o momento, a safra está estimada em máxima histórica de 35,49 milhões de toneladas, mas o volume representa uma alta de somente 0,24% em relação ao ciclo anterior.

“A safra 2019/20 foi muito boa, ainda acreditamos que essa (2020/21) vá ser maior, mas também não podemos descartar o efeito que a seca deixou ao potencial produtivo…”, afirmou o pesquisador da cadeia de soja do Imea, Marcel Durigon, à Reuters.

“Está pequena a diferença (entre as safras) e ainda tem chance de revisão para cima ou para baixo”, afirmou sobre o cenário que considerou ainda incerto, que coloca o recorde em risco.

Nos últimos 15 dias, a maioria das áreas de Mato Grosso recebeu chuvas de mais de 60 milímetros, mas o volume está abaixo da média para a época, conforme dados meteorológicos da Refinitiv, que apontam também que as precipitações vão superar os 100 milímetros do dia 16 até o final de dezembro, ainda um pouco abaixo do histórico para o período na maioria das regiões.

“O que podemos dizer até agora é que as chuvas voltaram e os produtores estão mais tranquilos, pode compensar perdas iniciais… por outro lado, teve falha de estande em algumas lavouras”, acrescentou.

Outro fator que também será determinante para cravar um novo recorde para a produção de soja em Mato Grosso é uma revisão nas áreas plantadas, com a ajuda de informações de satélite, cuja divulgação também deve ocorrer em janeiro.

“Alguma sinalização de aumento de área pode fazer com que venha uma superprodução. Ou então, pode vir uma pequena redução de área por causa dos produtores que cultivariam o algodão de segunda safra, mas com o atraso da soja decidiram ir direto para o algodão”, afirmou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Projeções

Durante evento online nesta quarta-feira, o Imea reforçou a projeção de dezembro para a produção de soja 2020/21, de 35,49 milhões de toneladas, com recuo de 380 mil toneladas em relação ao levantamento de novembro em decorrência da irregularidade climática que afetou o rendimento potencial das lavouras.

“Tivemos um período de pouca chuva e chuvas irregulares… Até o final de novembro ainda tínhamos áreas em floração e reduzimos a produtividade esperada para a safra”, disse Durigon.

Na projeção anterior, a produtividade era estimada em 58,03 sacas por hectare, que já seria 1,81% inferior ao rendimento visto em 2019/20. Com o atual ajuste, o Imea passou a esperar 57,41 sacas por hectare para o Estado –recuo de 2,84% ante a safra passada.

Durigon disse que somente a perspectiva para a área de plantio ainda segue mantida em 10,3 milhões de hectares. Deste total, houve a necessidade de replantio pelo menos em 2,51% das lavouras.

“O nordeste do Estado foi menos afetado pela falta de chuvas, nas demais regiões foi maior o percentual de ressemeadura”, destacou o especialista.

No oeste de Mato Grosso, onde grande parte dos produtores planta mais cedo para ajustar a janela da soja com o cultivo de algodão segunda safra, a condição das lavouras de soja ainda poderá ser menor do que o previsto.

Quanto ao efeito do atraso na semeadura da oleaginosa para os cultivos da safrinha, Durigon afirmou que haverá um impacto para o plantio de milho, mas ainda considerado pequeno.

“Por enquanto, cerca de 14% a 15% do plantio de milho ficaria fora da janela ideal, de acordo com as nossas projeções preliminares”, disse.

Ele ressaltou que o nível de remuneração deve servir de gatilho para que os produtores elevem as áreas semeadas com o cereal, em uma alta estimada até o momento em 5%, no comparativo anual, para 5,69 milhões de hectares. Não houve alteração na projeção mensal.